Alckmin, o chuchu

Geraldo Alckmin, o discreto, voltou a aparecer ontem, discursando em um Fórum de Desenvolvimento. Mereceu reportagem de meia página, um recorde nesse mandato.

Alckmin, o silencioso, aproveitou seus 15 minutos de fama para anunciar o anúncio de medidas inéditas e criativas para tirar a indústria brasileira da lama. A principal, ao que parece, serão incentivos à indústria automobilística, ressuscitando o “carro popular”. Agora vai!

Mas é na sua leitura da conjuntura econômica que Alckmin, o guerreiro calado do povo brasileiro, mostra todo o seu brilho, fazendo-nos recordar Romário, que afirmou que Pelé calado era um poeta. Em poucas frases, Alckmin nos faz ter vontade de chamar o rei Juan Carlos, para que dê a bronca que deu em Chavez. Vejamos.

Alckmin, o moderado, começa dizendo que o câmbio a R$ 5 “é um câmbio bom, é competitivo”. Que raios significa isso? O que é um câmbio “competitivo”? Competitivo para quem? Para a Shein? Os exportadores estão contentes? Os importadores? Com esse câmbio a indústria consegue competir nos mercados externos? O que Alckmin quis dizer com isso? A cereja do bolo foi dizer que “não pode ter grandes oscilações”. Como se isso dependesse do governo ou do Banco Central. Enfim, uma frase non-sense do início ao fim.

Em seguida, Alckmin, o comedido, afirma que está otimista de que haverá queda dos juros porque não há “inflação de demanda”. Qual a evidência? “Não há fila para comprar carros ou caminhões”. Para Alckmin, o ponderado, a cesta de consumo da família brasileira é formada 100% por carros e caminhões. Como ninguém está comprando carros e caminhões, então a demanda é zero. Gênio.

Por fim, Alckmin, o reservado, afirma que com “câmbio bom” (o que quer que isso signifique), “juros caindo” (vai esperando), “reforma tributária” (com essa base no Congresso?) e “agenda de competitividade” (sim, com o desmonte do saneamento, reestatização da Eletrobrás, nova política de preços da Petro), o Brasil vai decolar. Gostaria de viver no país de Alckmin, o sensato.

Alckmin, o chuchu, hoje, é menos relevante para os destinos da nação do que Janja. Nos poucos momentos em que aparece, ele nos lembra o por quê.

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