O JN mostrou hoje uma pequena reportagem de 3 minutos sobre trabalho infantil, por ocasião do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil. Não, não assisti, li o conteúdo no site do jornal.
É daquelas matérias que terminam e você se pergunta: e? Qual a linha de ação para acabar com essa chaga social? Nada. O máximo que se conseguiu nesse sentido foi uma passeata em São Luiz, promovida por “entidades”. Realmente, vai resolver muito. – Ah, mas pelo menos vai conscientizar os brasileiros sobre o problema. Claro, eu mesmo não sabia que havia crianças pedindo dinheiro no farol, foi uma revelação para mim. Tenha a santa paciência.
Mas paciência mesmo precisa para ouvir, sem perder a compostura, a declaração de um juiz da vara da infância sobre os males do trabalho infantil. Além de ser contra a lei (sério?), o trabalho infantil impede a criança de brincar (?!?). E o que o juiz sugere? Que se prenda os pais? Que se arranque os filhos dos pais e os mande para um reformatório? Qual a sugestão exatamente?
Pois eu tenho uma sugestão. Que tal se os juízes, inclusive esse que deu a entrevista, abrissem mão dos seus 60 dias de férias remuneradas e, com o dinheiro poupado, se fizesse um fundo para ajudar na manutenção das crianças na escola?
Na boa, é muito blá-blá-blá, muito escândalo farisaico diante de uma realidade triste, mas ninguém está disposto a mover-se um milímetro de sua posição para mitigar o problema. A Globo, claro, acha que já contribuiu com 3 minutos de reportagem sobre o tema. Seus editores devem ter ido satisfeitos para a cama, com o sentido do dever cumprido. Amanhã, essas mesmas crianças da reportagem estarão nas ruas novamente. O que merecerá mais uma matéria daqui a um ano.