Um editorial do Estadão chama a atenção para a onda de calor que ora assola o hemisfério norte, e reafirma o que parece ser um consenso científico: essas ondas de calor se repetirão em intervalos cada vez menores. E eu afirmo: essa é uma boa notícia.
Um problema é tão mais grave quanto mais inesperado for. Na medida em que ondas de calor se tornarem mais frequentes, ter-se-ão tornado um problema esperado. E tudo o que é esperado pode ser prevenido usando-se tecnologia. Vejamos pelo outro lado: no inverno, o hemisfério norte sofre com frio desumano. Mas os países da região estão amplamente preparados para isso, com suas casas, escritórios e centros de compra devidamente protegidos por calefação. Isso acontece porque o frio é um problema esperado. Na medida em que o calor também o for, a tecnologia humana encontrará uma forma de convivência.
O mesmo ocorre com outros potenciais problemas, como a viabilidade da agricultura e o nível do mar, se e quando esses fenômenos ocorrerem. No início causará problemas, mas depois a tecnologia os resolverá.
Acredito ser este um approach muito mais realista do que a tentativa histérica de fazer girar a roda da civilização para trás, clamando pelo corte da emissão de gases de efeito estufa. É tão insano quanto discutir formas de conter um tsunami ao invés de organizar a fuga. Como eu disse em meu post de ontem, estamos muito longe da tecnologia que nos permita substituir o carvão e o petróleo como fontes de energia. No entanto, já dominamos a tecnologia do ar-condicionado há um século, e sabemos como criar culturas transgênicas mais resistentes ao calor.
Isso, claro, não significa que não devamos explorar novas fontes de energia economicamente melhores que o petróleo. Não tenho dúvida de que, no dia em que o hidrogênio verde for mais barato do que o ouro negro, não precisaremos de cúpulas governamentais para fazer a substituição. Até lá, melhor ligar o ar-condicionado.