Depois de minha resenha de Ozark, vários amigos me recomendaram assistir a Breaking Bad, pois a temática é a mesma, mas seria ainda melhor. Tive que fazer o tira-teima.
Em primeiro lugar, a temática é parecida, mas não exatamente a mesma. Ambos abordam o tráfico de drogas, mas enquanto em Ozark o foco é na lavagem de dinheiro, em Breaking Bad o foco é na fabricação da droga. Isso parece um detalhe, mas não é. Marty Byrde é um profissional da lavagem de dinheiro, enquanto Walter White conhece muito de química, mas nada do submundo das drogas. Isso dá um ar profissional a Ozark e amador a Breaking Bad. Pelo menos nas duas primeiras temporadas.
As duas primeiras temporadas, como posso dizer, é o mesmo que comparar O Poderoso Chefão com Máfia no Divã. A temática é a mesma, mas um é profissional e o outro, amador, quase risível. Ozark começa a 200 por hora, a tensão é onipresente desde o primeiro episódio, e não baixa a guarda até o final. Já Breaking Bad começa a 20 por hora, com Walter White tentando encontrar o seu papel, em que o personagem carece de lógica. Impulsivo, explosivo, White comete erros grosseiros, que Marty Byrde jamais cometeria. Fica uma coisa meio aleatória, que pode dar errado simplesmente porque o personagem não tem lógica.
A coisa começa finalmente a engrenar na terceira temporada, com a entrada em cena de Gus Fring, o mega traficante que, este sim, lembra Marty Byrde, pela sua capacidade de organização. A partir daí a série começa a ficar realmente séria. Walter White vai ganhando confiança, e começa a agir de maneira muito mais sombria e inteligente. Sua capacidade de manipulação das pessoas e situações vai aparecendo cada vez mais. Nesse sentido, White se parece mais com Wendy Byrde, a esposa manipuladora e gananciosa, mas de uma maneira mais convincente, menos caricata.
As relações pessoais em Breaking Bad são mais complexas, principalmente a que liga White com seu parceiro, Jesse Pinkman. Marty Byrde tem uma relação semelhante com Ruth Langmore em Ozark, mas mais linear, como chefe e empregada. É difícil descrever o que sentem White e Pinkman um em relação ao outro ao longo de toda a série, o que acaba originando muitas situações-chave.
Como dizia, Breaking Bad decola a partir da terceira temporada, em um vórtice de tensão e loucura. Se fôssemos comparar Ozark e Breaking Bad com um jogo de futebol, poderíamos dizer que, nas duas primeiras temporadas, Ozark está ganhando com folga por 3×0. No entanto, a partir da 3a temporada, Breaking Bad começa a virar o jogo e, eu diria, ganha por 5×4 no final. Enquanto Ozark termina no mesmo tom de toda a série (o que não é ruim), Breaking Bad acaba insanamente. O fim, em Ozark, é mais do mesmo. Em Breaking Bad, é o ápice.
Enfim, duas excelentes séries, com leve vantagem para Breaking Bad.