Milei começou o ajuste pelo lado certo, o fiscal. Ao contrário de planos heterodoxos de combate à inflação, que começam pelo lado monetário normalmente congelando preços, Milei decidiu ir à fonte da inflação, cortando o seu oxigênio, o déficit.
Ah, mas o Brasil tem déficit também e a inflação está controlada. Sim, mas a que custo? Uma das mais altas taxas de juros reais do mundo, para atrair os investidores em nossa dívida. Os argentinos perderam essa capacidade, e a dívida do governo precisa ser comprada pelo Banco Central. É pura e simples impressão de pesos para manter um orçamento deficitário.
A principal crítica ao plano de Milei é que os argentinos vão ficar ainda mais pobres. Afinal, como informou minha amiga Nora Gonzalez, são nada menos do que 141 bolsas, benefícios e subsídios mantidos pelo governo. O ponto é que esse sistema não passa de uma grande mentira. Os argentinos JÁ ESTÃO mais pobres. As bolsas e subsídios são comidos pela inflação, em um esquema em que o governo dá de um lado com os subsídios e tira do outro com a inflação. Milei simplesmente está mostrando aos argentinos a dura realidade: eles são bem mais pobres do que imaginavam. Caberá aos argentinos decidirem se querem a verdade ou preferem continuar a viver uma ilusão.