Money talks

Musk desistiu do Twitter.

Quando o negócio foi anunciado, a direita oprimida do mundo se uniu em regojizo. Finalmente alguém iria libertar a rede social de suas amarras gramscianas, franqueando seus tuítes a todos os que lutam pela liberdade. Uma charge resume o júbilo: Musk abre a gaiola e convida um temeroso passarinho azul a voar livre.

Alguns, inclusive, juravam que o simples anúncio do negócio já tinha feito o milagre da libertação. Teria havido um aumento do número de perfis de direita nas timelines. Pensei com meus botões: qual a chance de o Twitter mudar qualquer orientação (se é que existe alguma orientação) sendo que só existe uma proposta comercial que ainda seria discutida por meses? Para mudar alguma coisa, é só óbvio que Elon Musk precisaria, antes, sentar-se no conselho de administração da empresa. Mas sabe como é, a vontade de ver milagres é poderosa.

Agora, ficou claro que, se Musk eventualmente tinha alguma ideologia por trás de sua oferta, o motivo principal era financeiro mesmo. O bilionário retirou a oferta porque não se sentiu seguro com relação ao que estava comprando. Ele até pode ter uma ideologia, mas não queima dinheiro para manter a chama dessa ideologia acesa. Aos que esperavam o Dom Sebastião das redes sociais, podem puxar o banquinho.

Pode ser que esta seja mais uma jogada de Musk para baixar o preço da mercadoria, e ainda tenhamos o negócio feito. Mas o episódio mostra que, antes de tudo, trata-se de business, e isso vale para todas as redes sociais. Procurar padrões ideológicos por trás do comportamento das redes é perda de tempo. Usar a chave do dinheiro para entender as redes é o caminho mais lógico.

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