Em uma economia capitalista em funcionamento normal, onde há uma oportunidade de geração de lucros, haverá um capitalista pronto a aproveitá-la. No caso, se o refino de combustíveis no Brasil fosse lucrativo, não precisaríamos da Petrobras para sermos autossuficientes em combustíveis. Assim, o único motivo para que a Petrobras seja obrigada a investir em refino é “reduzir a vulnerabilidade a choques externos”, o que significa controlar preços. A frase final, “preservando as finanças da Petrobras” é contraditória no contexto.
Já escolados com os desastres de Abreu Lima e Comperj, em que bilhões de reais foram sugados literalmente para nada, os investidores de Petrobras devem ficar arrepiados só de ouvir o termo “aumento da capacidade de refino”. Maurício Tolmasquin, coordenador do grupo de trabalho de energia do governo de transição e co-autor da MP 579, que destruiu a Eletrobras em 2013, já de olho nessa reação, afirma que novas refinarias seriam a última opção, estuda-se o aumento de capacidade das já existentes, mas sempre “preservando as finanças da Petrobras”.
Bem, tanto faz se o investimento em refino vai se dar via expansão da capacidade atual ou construção de novas plantas. Do ponto de vista de investimento (Capex), dá na mesma. Assim, a Petrobras vai precisar usar os seus lucros para investir em refinarias ao invés de pagar dividendos. Resta saber se os acionistas estarão dispostos a financiar a empresa para “diminuir a vulnerabilidade do país aos preços internacionais”.
Se há um benefício em já termos tido um governo do PT é que já tivemos a oportunidade de ver as consequências dessa conversinha mole. O investidor está bem mais arisco, e não será na base de promessas de bom comportamento que irá colocar o seu suado dinheirinho em projetos sabidamente perdedores. O governo precisará encontrar outros meios de capitalizar a Petrobras para que a empresa assuma seu papel “estratégico”. Fica difícil imaginar de onde sairá o dinheiro, mas nunca é bom desconfiar da criatividade do pessoal do PT.