É conhecida a fábula da galinha dos ovos de ouro. Em um vilarejo, um granjeiro cuidava de suas galinhas, quando descobriu que uma delas botou um ovo de ouro. Todo contente, foi contar à sua esposa, que também ficou muito feliz com a grande descoberta. Pegaram aquele ovo e foram até o vilarejo, onde venderam o ovo por uma grande quantia em dinheiro. “Ficamos ricos!”, pensaram.
O problema é que a galinha botava um ovo de ouro somente de tempos em tempos. O dinheiro acabou, e o casal começou a impacientar-se com aquela demora. Decidiram, então, acelerar o processo. Pensaram assim: por que se satisfazer com um ovo de ouro de quando em vez, quando poderiam obtê-los todos de uma vez? Bastaria abrir a barriga da galinha e arrancar os ovos de ouro todos de suas entranhas. E assim o fizeram, para descobrirem, horrorizados, que não havia nenhum ovo de ouro, apenas vísceras comuns. Por causa de sua ganância, ficaram com uma galinha morta, e sem os ovos de ouro.
Esta fábula é sobre fazer a coisa certa e esperar pelos resultados. Se os granjeiros tivessem continuado a alimentar a galinha e esperassem o resultado, continuariam ricos. A economia é uma especie de galinha dos ovos de ouro. É preciso fazer a coisa certa e aguardar os resultados. Ao longo do tempo, os ovos de ouro do crescimento econômico vêm.
O crescimento econômico é um processo lento, que se dá nas entranhas da economia sem sabermos muito bem como acontece. Só sabemos que é preciso alimentar a economia com aumento de produtividade. O PIB é a soma de todo o valor agregado na economia. Por isso, de nada adianta gastar por gastar. É preciso que esses gastos agreguem valor à economia. Um exemplo simples: uma estrada feita pelo governo somente agregará valor à economia se houver tráfego suficiente para compensar o dinheiro gasto. E por “tráfego suficiente” quero dizer valor agregado adicional por causa da existência daquela estrada. Obviamente, estradas inacabadas ou que servem ao haras de ministro não cumprem essa condição.
Há uma espécie de sofreguidão por gastar, como se isso, por si só, fosse fazer aumentar o PIB. Gastar por gastar é o equivalente a matar a galinha dos ovos de ouro, esperando conseguir todos os ovos de uma vez. Os desenvolvimentistas dirão que não se trata de “gastar por gastar”, mas de investir nos “projetos certos”, aqueles que vão agregar valor. Como se anos de gastos em projetos furados durante a era PT (não só da era PT, mas eles levaram a coisa ao estado da arte) não tivessem sido suficientes para demonstrar que escolher o “projeto certo” não é exatamente a especialidade de governos.
E lá vamos nós de novo, pegar dinheiro gerado por atividades produtivas e queimar em projetos para “fazer o país crescer”. A galinha dos ovos de ouro vai morrer novamente.