A repórter Vera Rosa repercute pesquisa qualitativa interna do PT, que mostra a classe média (renda per capita entre R$500 e R$4.500) desconfiada em relação ao partido. Difícil interpretar a pesquisa sem ter acesso. Então, sem pretender representar a opinião de ninguém, falando apenas por mim mesmo, seguem algumas medidas que poderiam melhorar a imagem do partido, não necessariamente excludentes entre si:
– Um grande mea culpa sobre os casos de corrupção dos últimos anos
– Um grande mea culpa sobre a grande recessão de 2015-16
– Aposentar Lula
Claro que nada disso passa pela cabeça dos próceres do partido. Jilmar Tatto propõe a única coisa que o PT sabe fazer: uma “política”. Sim, uma política voltada para a classe média. Para o PT, governar é distribuir benesses para todos, sob alguma marca grandiloquente. Por exemplo, no auge da esbórnia petista, lá por 2011-2012, vários filhos de amigos meus ficaram um ano fora do país no programa Brasil Sem Fronteiras. Um nome grandiloquente para uma “política” para a classe média, que poderia muito bem pagar pelo intercâmbio.
Nada contra “políticas” com nomes pomposos. Afinal, todo governo precisa de uma marca. O problema é confundir o ato de governar com a distribuição de benesses, sem realmente buscar mudar estruturalmente o país, alinhado com as melhores práticas internacionais. Aliás, trabalhando contra essas mudanças, como temos visto desde o início do novo governo, nos ataques a várias instâncias de governança.
O problema para Tatto e cia é que o dinheiro acabou. O Minha Casa Minha Vida foi relançado com pompa e circunstância com o risível orçamento de R$ 9 bilhões. Só o programa habitacional da cidade de São Paulo, o Pode Entrar, conta com R$ 8 bilhões. Então, o governo do PT será isso: a reedição de várias “políticas” para agradar a todos, mas sem o dinheiro necessário para fazer alguma diferença. Se eu fosse dirigente petista, estaria pensando em uma ou mais das alternativas acima.