A articulista Renata Cafardo escreve uma coluna sobre educação no Estadão. Seu esporte preferido, como aliás o de todos os militantes da área, tem sido atacar o governo Bolsonaro.
A questão óbvia, e que fica mais óbvia quanto mais esse pessoal escreve sobre as mazelas da educação, é como chegamos a este ponto depois de décadas de políticas implementadas por governos que supostamente têm preocupação social. Bolsonaro está há menos de um ano no poder, e gostemos dele ou não, o fato é que a tragédia educacional brasileira não foi construída por este governo.
Vejamos o exemplo deste artigo. Renata desfila uma série de estatísticas horrorosas, mostrando a desigualdade social que a educação supostamente deveria diminuir. Mas, e essa é a conclusão universal, o governo Bolsonaro está trabalhando na direção oposta, de aumentar a desigualdade. Como se estas estatísticas horrorosas não tivessem sido produzidas pelos governos anteriores.
O exemplo mais recente: o governo agora inventou de unir os orçamentos de saúde e educação em um só, o que supostamente faria aumentar as verbas de saúde e diminuiria as verbas de educação. Sem entrar no mérito de que esta decisão entre saúde e educação deveria sim ser discricionária dos governos e não uma previsão constitucional, o exemplo usado por Renata carece de lógica.
Segundo a articulista, foi a destinação constitucional de verbas para a educação que permitiu o surgimento de certas ilhas de excelência educacional no Nordeste. Ela se refere a Sobral, no Ceará, exemplo nacional de como se pode fazer muito com pouco. Fica o mistério de porque o dinheiro carimbado para a educação conseguiu produzir somente uma ilha de excelência no país inteiro. Será que foram realmente os 25% constitucionais que fizeram a diferença? Se sim, por que não há outras ilhas de excelência? Aliás, por que a educação no Brasil não se transformou em uma grande Sobral e continua essa josta? Afinal, 25% do orçamento todo mundo tem.
Agora que o governo Bolsonaro propõe juntar os dois dinheiros carimbados em um só, passa a ser o grande vilão, aquele que vai acabar com a educação brasileira. Olha, vai ter que trabalhar muito para superar a obra de seus antecessores.