A surpresa do reitor

Entrevista com o reitor da USP, onde alguns alunos e professores estão em greve. Não pude deixar escapar gostosas gargalhadas com a surpresa do reitor, ao constatar que os mesmos estudantes que “defenderam a democracia” ao se colocarem contra a reeleição de Bolsonaro, agora atuam na direção contrária, impedindo seus colegas, de maneira truculenta, de assistirem às aulas.

Não sei exatamente em que planeta vive o reitor, ao pensar que o PT e seus satélites têm alguma credencial democrática. O modus operandi dessa turma é esse aí: não tem debate, tem porrada. Só tem debate (como no caso da relação entre Planalto e Congresso) quando o outro lado tem um porrete maior. Aí, entra em cena o vitimismo: “ain, estão querendo impor na base da força”. Caso contrário, é isso que estamos vendo na USP: “estudantes” ligados a esses partidos políticos botando pra quebrar.

E ai de quem quiser “argumentar” ou “dialogar”. Fascista é o adjetivo mais elegante. A prova de que o reitor vive no mundo de Nárnia é a sua sugestão de que os alunos contra a greve compareçam às assembleias para votar. Como se essas “assembleias” fossem espaços democráticos. A condução dessas votações faria Arthur Lira parecer a Madre Teresa.

A parceria que os social-democratas (entre os quais o reitor) fez com os partidos de esquerda para vencer Bolsonaro não autoriza a ilusão de que todos estão no mesmo barco democrático. A democracia não venceu com Lula. Quem venceu foi essa mesma esquerda truculenta infensa ao diálogo, e que tanta surpresa causa ao reitor.

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