Quando uma empresa tem problemas para pagar as suas contas, faz ajustes nas suas operações, o que inclui, infelizmente, a demissão de funcionários.
Não, um país não é uma empresa. Um país pode emitir sua própria moeda de curso forçado, ou pode se endividar indefinidamente (o que vem a ser a mesma coisa) e, assim, continuar pagando seus funcionários.
Mas um país pode ser comparado sim a uma empresa, no sentido dos efeitos universais da falta de dinheiro. Uma empresa que quebra simplesmente encerra as operações. Um país não pode ser “encerrado” do dia para a noite, mas vai sim ser “encerrado” aos poucos, regredindo graus de civilização. Olhe para a Venezuela para entender o que quero dizer.
Portanto, se o Brasil quiser evitar o “encerramento” como país, deve fazer um ajuste em suas operações. Claro, nada é urgente, até o momento em que se torna urgente. Acabamos de aprovar a reforma da Previdência, os juros estão nas mínimas históricas, tudo parece bem. Este seria o momento de se fazer o ajuste com calma. Mas não: vamos aguardar uma nova crise se instalar, com aumento do desemprego e da inflação (o que penaliza os mais pobres, não custa lembrar), por que o presidente representante das corporações não quer mexer com as castas dominantes do país.
– Ah, mas ele é que tem o “feeling” político, ele sabe que este não é o melhor momento para enviar a proposta.
Bem, acredite no que quiser. Um presidente faz a agenda política do país quando quer. Pelo menos poderia enviar o projeto para o Congresso e deixar o abacaxi nas mãos dos parlamentares. Mas o presidente simplesmente não quer botar a mão nesse vespeiro.
Está tudo muito bem por enquanto. Quando uma verdadeira crise internacional se instalar, os investidores farão a distinção entre quem fez a lição de casa e quem não fez. Quando o dólar bater R$5, saiba que foi por conta das reformas não realizadas a tempo. Macri que o diga.