Eliane Catanhêde dá a sua dose de contribuição para o debate sobre o IDH. Destaquei sua opinião porque representa a média do que se ouve falar por aí: o Brasil é um país rico, mas injusto. O problema é distribuir essa riqueza mais igualmente.
Que a distribuição de renda no Brasil é uma vergonha não se discute. Ninguém em sã consciência é contra redistribuir riquezas. O problema é a premissa anterior, a de que somos um país rico. Ouço essa afirmação muitas vezes: com tantas riquezas minerais, florestas, produção agrícola, mar, etc, o Brasil é muito rico. Só [preencha com o que preferir aqui] impede o país de deslanchar. A desigualdade é a última moda em “causas para o nosso subdesenvolvimento”.
Não, o Brasil não é um país rico. Nem no século XVI se media riqueza pelos recursos naturais, quanto mais hoje, em uma sociedade tecnológica. Somos um país remediado, que faz questão de redistribuir migalhas enquanto castas públicas e privadas sugam o orçamento público sob os mais diversos argumentos de “direitos adquiridos”. Ninguém quer ceder um milésimo de sua posição para melhorar as condições do todo.
Como jornalista, Eliane não deve ser CLT. Portanto, paga menos imposto do que minha empregada doméstica. O que ela não paga de imposto é compensado com impostos sobre bens de consumo, que minha empregada compra. Injustiça na ida e na volta. Vamos começar a falar a sério sobre redistribuição de renda?