Fosse Bolsonaro o escolhido como Personalidade do Ano, a quantidade de gente lembrando que a Time tem Adolf Hitler em seu curriculum seria uma enormidade. Portanto, colocar o bigodinho para desqualificar as escolhas da Time pode servir para qualquer um, a depender do lado de quem faz a comparação.
Os editores da Time já esclareceram várias vezes que suas escolhas para a “Personalidade do Ano” não tem nada a ver com as ideias da pessoa escolhida, mas com sua influência e destaque naquele ano. Neste sentido, a escolha de Greta Thunberg é coerente com os critérios adotados. Acho que eu mesmo já escrevi mais sobre Greta aqui do que sobre qualquer outra personalidade internacional. O ambientalismo encontrou em Greta Thunberg o seu rosto. De fato, não tem nada que representa melhor o catastrofismo ambientalista do que as caras e bocas de Greta. E, sem dúvida, o ambientalismo é um tema onipresente hoje, concorde-se com isso ou não.
Pode-se afirmar que Greta não passa de um produto bem acabado de marketing, criado por interessados no tema. Ou seja, não teria mérito próprio para conseguir a indicação. Mas isso é não entender a natureza da escolha. Não se trata do Prêmio Nobel da Paz, que exige alguma iniciativa pessoal para ser obtido. A revista já escolheu como Personalidade do Ano o computador pessoal, o americano médio e o próprio planeta Terra. Trata-se, portanto, de uma indicação antes de tudo midiática. E, gostemos ou não, Greta é midiática, um símbolo do fast food em que se tornou o debate de qualquer assunto atualmente.