Já escrevi aqui sobre a proposta da Aneel de diminuição do subsídio cruzado para a auto-produção de energia solar. O problema surge a partir do momento em que esse tipo de geração de energia cresce bem acima do previsto, e começa a pesar sobre a conta de luz de quem não tem geração solar, inclusive os mais pobres, que não têm dinheiro para instalar células foto-voltaicas.
Óbvio que as empresas de geração de energia solar estão estrilando. Aí, surge no Valor um artigo de um “PhD de Chicago, professor da Universidade da Califórnia”, com “dezenas de artigos sobre políticas públicas”.
Dada a pobreza de argumentos do artigo, muitas vezes descambando para o tom panfletário, fui atrás dos tais artigos. O especialista tem vários papers sim, mas sobre efeitos de políticas educacionais. Nada que sugira algum conhecimento específico sobre o sistema elétrico. Aí me pergunto: o que faz um professor com vida acadêmica toda lá fora, dedicada a uma área específica, gastar o seu precioso tempo a escrever um artigo sobre área completamente estranha ao seu trabalho? Deixo a busca dessa resposta aos jornalistas investigativos que possam estar lendo este post.
Meu ponto é o seguinte: temos tanta reverência pelos títulos, que acabamos não discutindo o mérito das questões. Foi um PhD por Chicago e professor em universidade gringa que falou? Então ele deve estar certo. Pouco importa o extenso e minucioso trabalho que a Aneel fez sobre o problema. Convido a todos que se interessarem pelo tema a darem uma olhada no catatau produzido pela Aneel para subsidiar as discussões (https://www.aneel.gov.br/…/769daa1c-51af-65e8-e4cf…).
O ponto continua sendo o mesmo: o subsídio da energia solar é pago por todos os consumidores, embutido na conta de luz. Sim, isso é uma política pública, e pode se decidir que continuará sendo assim mesmo. Mas depois, que não se venha reclamar do valor da conta de luz.