Está rolando a brilhante ideia de fechar as bolsas durante estes tempos de turbulência. Seria uma espécie de grande circuit-breaker de vários dias ou semanas.
Há duas dificuldades técnicas nessa “ideia”.
A primeira é a própria falta de mercado. Imagine você, que quer ou precisa sair da bolsa por algum motivo. Estará impedido. Não há mercado. Você estará preso. Aliás, a bolsa só está caindo porque muita gente tomou a decisão de sair da bolsa. Com o fechamento, esta decisão estaria como que interditada. Seria o sequestro do seu dinheiro. Com que confiança os agentes investiriam novamente na bolsa, sabendo que, arbitrariamente, seu dinheiro ficaria preso?
O segundo problema é a decisão do dia da volta. Estabelecer um dia pré-definido implica correr o risco de pegar o mercado em dia ainda pior, causando quedas muito mais significativas do que as que vemos hoje. Afinal, saques estarão represados. Não definir o dia, deixando esta decisão à discrição da própria bolsa, significaria reabrir a bolsa quando “tudo estivesse bem”. Qual seria esse indicativo? Na sexta-feira, por exemplo, as bolsas subiram mais de 10%. Tudo estava bem? Vimos que não. A definição do “fim da crise” só quem é capaz de dar são os próprios preços da bolsa. Só que, com a bolsa fechada, isso fica impossível. Desse modo, só seria possível reabrir a bolsa quando todos os agentes se dessem as mãos e prometessem não vender. Vai vendo.
A bolsa é o termômetro do mercado financeiro. Fechar a bolsa é equivalente a quebrar o termômetro, um jogo de faz-de-conta.