Mourão disse tudo.
Claro que sua frase não pode ser retirada do contexto. Ele estava tentando dizer que Eduardo Bolsonaro tem o direito de dizer o que bem entender por ser deputado, e seu posicionamento não tem nada a ver com o posicionamento do governo brasileiro.
Mas não é bem assim.
O 03, para o bem e para mal, carrega o sobrenome do presidente da República. E não é um filho qualquer de uma família qualquer. É público e notório que temos uma filhocracia vigente no Brasil, onde o pai governa junto com seus filhos. E, no caso de Eduardo, a coisa é anda por: ficamos meses discutindo a ideia de Jair de colocá-lo na embaixada mais importante disponível. Imagine o embaixador do Brasil em Washington tuitando um troço desses.
O próprio Eduardo tentou amenizar a coisa, dizendo que não teve intenção de ofender o povo chinês. Ocorre que, na China, o Partido Comunista Chinês é o único representante do povo, é a encarnação do povo. Um ataque ao PCC é considerado um ataque ao povo chinês. Sei que parece estranho, mas não devia ser assim tão difícil de entender. Afinal, qualquer ataque ao governo Bolsonaro é visto pelo presidente, pela sua família e pelos bolsonaristas em geral como um ataque ao Brasil e ao povo brasileiro. O mesmo acontece por lá.
Não, o 03 não se chama Eduardo Bananinha. Seu sobrenome e sua posição têm um peso, assim como tem um peso todos os atos do presidente da República (já falamos sobre isso aqui ontem). Eles não têm espaço para serem inconsequentes. Podem até sê-lo mas, como diria o Conselheiro Acácio, as consequências vêm depois.
Eduardo precisa decidir se quer ser um Bolsonaro ou um Bananinha.
PS.: Não vou entrar aqui no mérito de se o que o 03 escreveu tem razão ou não. Até acho que tem, o PCC deve ter escondido a coisa até o último momento. Mas não é disso que se trata. O que ganhamos enfiando o dedo na fuça de nosso principal parceiro comercial? Qual o objetivo? Lacrar não é exatamente uma forma sábia de conduzir relações exteriores.