Anteontem, a Casa Branca publicou um plano para a saída da quarentena.
Só para relembrar: são três fases, cada uma delas com afrouxamento progressivo. Para avançar de fase (parece video game…), é necessário estar distante do pico de casos 14, 28 e 42 dias, respectivamente. Se fôssemos adotar este critério para alguns países, teríamos o seguinte resultado:
- EUA: 7 dias do pico (ainda em quarentena)
- Itália: 20 dias do pico (Fase 1)
- Alemanha: 20 dias (Fase 1)
- Inglaterra: 5 dias (quarentena)
- Espanha: 15 dias (Fase 1)
- França: 12 dias (quarentena)
- Brasil: zero dias (quarentena)
- São Paulo: zero dias (quarentena)
Interessante como os países mais distantes do pico (Alemanha, Espanha e Itália) de fato já estão começando a afrouxar a quarentena, como se estivessem seguindo o plano americano.
Algumas observações:
1) O critério sugerido pelo governo americano se baseia no número de casos, não no número de mortes. O pressuposto é de que o número de casos fornece uma métrica antecedente da melhora da epidemia, antecipando o fim da quarentena. Obviamente, só funciona se houver ampla testagem.
2) Este critério é um possível. Cada país adotará o seu próprio. A vantagem desse critério é justamente ser um critério, com base no qual podemos nos planejar. Quarentena sem perspectiva é algo que desgasta qualquer cristão.
3) Apesar do número de casos ser um critério objetivo, pode haver obviamente subjetividade na interpretação. Por exemplo, os números acima foram baseados na média móvel de 3 dias. Se fosse com base nos casos diários, os resultados seriam outros. Outra subjetividade é a interpretação do pico. Por exemplo, no caso dos EUA, o pico foi de 100 casos/milhão de habitantes, depois caiu para 83, mas agora subiu para 93. Será que isso poderia ser considerado como um novo pico? Cada governo deverá seguir seus próprios critérios.
4) No caso do Brasil, estamos a zero dias de distância do último pico. Se o número de casos continuar crescendo, continuaremos a zero dias de distância do pico, até que o número de casos comece a cair. Pouco importa se esse pico está longe do pico dos outros países, o critério do governo americano é o pico. Podemos até chegar à conclusão de que este critério não serve para nós, mas este é o critério.