Há alguns dias, o Estadão publicou um gráfico produzido pelo município de São Paulo, mostrando uma queda drástica do número de óbitos na cidade (abaixo).
Vi alguns comemorando o dado, mas trata-se do erro clássico de considerar o número de óbitos na data do óbito e não na data do registro. Por que um erro clássico? Porque os óbitos podem demorar até um mês para serem registrados. Então, aquele número que parece baixo no final do gráfico vai engordar nos dias seguintes.
É o que mostra o segundo gráfico que reproduzo abaixo, elaborado pelo Estadão e publicado hoje. Aquele mesmo número baixo se transformou em um número na média apenas 3 dias depois. Os óbitos “atrasados” foram contabilizados, mostrando que aquela tendência de queda tratava-se de uma miragem.
Isso significa que os números não estão em queda? Não. O site Observatório COVID Brasil faz uma estimativa do número de óbitos com base nas características da doença até hoje conhecidas e nos dados oficiais (abaixo). De fato, a tendência parece ser de queda, mas não tão intensa como sugere o site da prefeitura. Ou seja, dá até para comemorar, mas não muito.