EUA e China lideram o ranking de emissores de gases de efeito estufa.
Mas é o Brasil que será o alvo das atenções na semana do clima.
Isso porque os países com as maiores dívidas com o dito combate às alterações climáticas encontraram uma aliado de peso: a retórica inflamada do presidente brasileiro.
Na comunicação, controlamos o que dizemos, mas não o que o outro entende. Ao reafirmar estridentemente a soberania brasileira sobre a Amazônia, Bolsonaro quer dizer que a preservação da região é responsabilidade do País, e vamos cumprir nosso dever dentro dos nossos interesses. Os receptores da mensagem, no entanto, entendem que o Brasil vai destruir tudo mesmo e ninguém tem nada a ver com isso. Reforça esse entendimento a retórica do “vocês também desmataram, por que eu não posso?”.
Óbvio que há uma má-vontade da imprensa global com relação a Bolsonaro. Mas essa má-vontade é cuidadosamente cultivada pelo presidente, que não perde oportunidade de “lacrar” para o seu público interno.
O problema é quando essa má-vontade extrapola o âmbito das redações e redes sociais e vaza para as relações diplomáticas e comerciais. Via de regra, os países são pragmáticos na condução de seus negócios, e não se deixam contaminar por “embates ideológicos”. Não fosse por isso, a China seria um pária internacional. Dentro desse pragmatismo, EUA, Europa e China encontraram o vilão perfeito do clima na figura do presidente incendiário. Falta pragmatismo ao lado brasileiro.