O que estamos vendo acontecer no Congresso norte-americano é inaceitável. Donald Trump passou de qualquer limite do razoável em seu direito de contestar os resultados eleitorais. Trump perdeu em todas as instâncias políticas e jurídicas possíveis e imagináveis sobre suas alegações de fraude eleitoral. As instituições americanas falaram. Trump e seus seguidores mais fanáticos fizeram questão de não ouvir. Isso é mais do que uma vergonha. Isso é um desafio à mais antiga e estável democracia do planeta.
A democracia americana passou, nos últimos 230 anos, por 44 transmissões de poder, das quais 24 entre presidentes de partidos diferentes. Todas elas de maneira pacífica, servindo de farol para o mundo livre. Esta seria a 45a transmissão de poder, e a 25a entre presidentes de partidos diferentes. Trump quebrou essa tradição, em nome de sabe-se lá o que.
Donald Trump dirá que não tem nada a ver com a invasão do Capitólio. Claro, ele não deu a ordem direta. Mas fez comício colocando gasolina na fogueira. Esperava o quê?
Alguns dirão que, se não for assim, não se mudará o tal “sistema”. Cada um tem uma ideia de um “mundo melhor”. Sabemos como terminam as experiências de imposição de um “mundo melhor” por meio da força.
Os EUA são a prova histórica e palpável de que a democracia representativa, com todos os seus defeitos evidentes, é o melhor sistema para conciliar visões diferentes do que vem a ser o tal “mundo melhor”. Ou, como dizia Churchill, o pior sistema, com exceção de todos os outros.
A democracia dos EUA sobreviverá a Donald Trump.