Meus amigos César Mattos e Cleveland Prates desenvolveram um artigo muito bem estruturado, defendendo a compra e distribuição de vacinas pela iniciativa privada. Resumo a seguir o que, na minha opinião, é o principal argumento colocado.
Digamos que você tenha dois e somente dois estados da natureza:
Estado 1) o governo consegue importar 100 unidades de vacina. As 100 vacinas são distribuídas de acordo com uma fila determinada pelo governo.
Estado 2) governo mais iniciativa privada conseguem importar 110 vacinas. 105 dessas vacinas são distribuídas pelo governo usando o critério de fila e 5 são distribuídas para quem pode pagar mais.
Não existe um terceiro estado da natureza em que o governo consiga importar 110 unidades. As 10 unidades adicionais somente foram possíveis porque a iniciativa privada pagou mais e conseguiu uma oferta adicional.
Pergunta: qual o estado da natureza que otimiza a imunização no país? Obviamente, o estado 2.
Minha única restrição a este raciocínio é que nada garante que a iniciativa privada brasileira teria mais sucesso do que iniciativas privadas de outros países. Em um ambiente de super restrição de oferta, poderíamos entrar em um jogo de “rouba monte”, prejudicando a oferta para os governos. No final, o governo brasileiro poderia ter somente 90 vacinas, e não as 100 do estado 1. Talvez por isso os laboratórios, hoje, estejam negociando apenas com os governos. Mais para frente, quando a oferta global de vacinas estiver mais normalizada, certamente a iniciativa privada será bem-vinda para ajudar a aumentar a oferta de vacinas no país.