“Ele sangrou por ti!”
Quem me acompanha sabe que afirmei várias vezes que o petismo havia se tornado uma seita, no sentido de formar um grupo de iniciados que idolatram um messias e rechaçam qualquer crítica como se fosse uma heresia.
Pois bem, essa convocação confirma o que já vinha ficando claro há algum tempo: os bolsonaristas estão também formando uma seita. Lançam seus “fatwa” sobre todos aqueles que ousam sair um milímetro que seja da fidelidade devida ao seu mestre. A lista é longa, e inclui desde aliados de 1a hora até expoentes da direita brasileira. Todos uns traidores.
Tenho acompanhado as redes bolsonaristas, até para entender o que se passa. Existe uma ilusão de que Bolsonaro será capaz, com a força do “povo” nas ruas, dobrar o Congresso para aprovar a sua pauta. O mesmo “povo” que era monopólio da outra seita, o petismo. Deu no que deu.
Lamento trazer más notícias: não tem o mínimo risco de dar certo. Achar que aquele povo todo que saiu nas ruas para pedir o impeachment da Dilma vai serrar fileiras em torno de Bolsonaro é uma ilusão de ótica. Ser contra o PT não é o mesmo que ser a favor de Bolsonaro. São duas coisas, aliás, bem diferentes.
Neste caso, estou com a Janaína, a próxima, provavelmente, a ser alvo de um fatwa: não faz sentido uma manifestação a favor do governo. Isso é coisa de chavista, de peronista, de petista.
O governo tem em mãos todos os instrumentos de poder dentro dos limites de uma democracia, onde o presidente não é o dono da verdade, o possuidor da chave do bem e do mal, o messias. Ele só precisa fazer política. Não a “nova” ou a “velha”, apenas política.
“Ele sangrou por ti!”. Uma mensagem messiânica, não política. E fora da política, não há salvação.