O território da Venezuela situa-se sobre as maiores reservas de petróleo do mundo. Maiores até do que as dos países do Oriente Médio. Mas falta gasolina nos postos de Caracas.
As gigantescas reservas de petróleo da Venezuela são comumente associadas à cobiça dos EUA, e motivo último de seus interesses sobre a região. Segundo a narrativa esquerdo-debiloide, os estadunidenses estariam interessados em implantar ali um governo-fantoche de modo a controlar as reservas. Por isso, estão estrangulando o regime chavista com um bloqueio econômico que está deixando à míngua a pobre população venezuelana.
A coisa não tem a mínima lógica. Senão, vejamos.
Apesar de estar sentada sobre as maiores reservas do mundo, as bombas de gasolina estão vazias. Por que? Ora, petróleo não é gasolina. É preciso encontrá-lo, tirá-lo da terra e refina-lo, em um processo industrial complexo, para que o ouro negro tenha alguma serventia. Caso contrário, só servirá para sujar as mãos de presidentes populistas em ridículas campanhas de “o petróleo é nosso”.
Pois bem. Para prospectar, extrair e refinar petróleo, são necessários capitais de risco. Como toda atividade econômica, a indústria de petróleo envolve riscos. Risco de encontrar poços vazios, risco da queda da produtividade de poços já funcionando, risco da demanda por combustíveis fósseis, risco do preço do petróleo no mercado internacional. Roberto Campos dizia que era uma imbecilidade colocar em risco o dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos em uma atividade que poderia muito bem ser financiada por capitalistas de risco. Mas enfim, essa foi a opção na maioria dos países. Em países desenvolvidos, como a Noruega, o dinheiro do petróleo foi usado para fazer uma poupança de longo prazo. Nos países cucarachos, foi gasto em uma orgia populista até o país quebrar, como foi o caso da Venezuela.
Como dizia então, para que o petróleo saia do solo e chegue aos tanques de combustível são necessários capitais. Capitais esses que, em um regime capitalista, estão nas mãos dos capitalistas de risco. Já em um regime socialista, os capitais têm origem nos impostos pagos pelos cidadãos. Ocorre que, como sobejamente sabido, os capitalistas são muito mais competentes no uso de seu próprio capital do que o Estado no uso dos impostos. Sem contar a corrupção do sistema.
Bem, a Venezuela optou por um regime socialista, e o petróleo é deles. Ao mesmo tempo, os chavistas culpam o bloqueio econômico duzamericanu pela situação de penúria do país, inclusive pela falta de gasolina. Ora, se os capitais estadunidenses não são bem-vindos, por que reclamar do bloqueio? O Estado venezuelano não teria capitais suficientes para produzir sua própria gasolina? Aqui reside a falta de lógica da argumentação esquerdista: ao mesmo tempo que rechaça o capital dos capitalistas, aponta o bloqueio econômico como fator fundamental para a penúria em que o país vive, ao não deixar entrar o capital que não é bem-vindo pelos venezuelanos. Vai entender! (Não vou aqui nem entrar no mérito dos capitais chineses que vêm sustentando a ditadura chavista. Afinal, imperialistas são os EUA).
Eu sei que tentar extrair alguma lógica de narrativa esquerdista é uma tarefa complexa. Mas não desistirei, continuarei tentando.