Rodrigo Pacheco tinha 13 anos quando Zélia Cardoso de Mello anunciou o confisco da poupança dos brasileiros, há exatos 31 anos. Como todo garoto de sua idade, não deve ter dado muita bola para o que estava acontecendo.
Era o quarto plano heterodoxo nos últimos 4 anos (e o mais traumático de todos) para tentar frear o processo hiperinflacionário. Rodrigo Pacheco, como todos os de sua geração, atingiram a idade adulta com inflação civilizada. Não têm memória de como se vivia em um país em que a moeda era uma ficção.
Foi uma construção de uma geração, com muitas idas e vindas. A lição que tiramos desse processo é que não há atalhos: é preciso cuidar da credibilidade da moeda se quisermos ter uma. No final do dia, é o emissor da moeda, o governo, que precisa respeita-la, ao não abusar de seu poder de rodar a maquininha. Para isso, precisa cuidar que suas despesas tenham as receitas apropriadas.
Tudo isso é tão mais importante quanto menor for a credibilidade do país. Países que têm um longo histórico de seriedade podem contar com a paciência maior de seus financiadores. Já países com um longo histórico de manobras pouco ortodoxas, jeitinhos, contratos desrespeitados, contam com menos paciência por parte dos seus credores.
A Rodrigo Pacheco, como presidente do Congresso, cabe uma parcela relevante da responsabilidade pela manutenção da credibilidade do país.
O que Rodrigo Pacheco poderia fazer? Há uma lista de coisas que poderiam melhorar a credibilidade do país, valorizando a moeda local e diminuindo a pressão sobre os preços:
– Uma reforma administrativa digna do nome, que colocasse a dívida em trajetória de queda
– Uma reforma tributária digna do nome, que facilitasse a vida de quem produz e, assim, aumentasse o produto potencial
– Privatizações que destravassem investimentos
Mas Rodrigo Pacheco acha que controlar “oportunistas altas de preços” é o melhor a se fazer para preservar o poder de compra da moeda. Voltamos três décadas no tempo. Com líderes da qualidade de um Rodrigo Pacheco, vamos céleres em direção ao nosso verdadeiro destino histórico.