Recupero aqui uma reportagem do dia 11/11/2020. A chamada era: “Brasil segue na contramão do mundo e tem maior baixa nos óbitos por Covid”.
A reportagem dizia: “Dos dez países líderes em mortes no mundo, oito registraram aumento na média móvel de novos óbitos na última quarta-feira em comparação com o dado de 14 dias atrás. No mesmo período, essa média caiu 25,9% no Brasil, passando de 436 mortes diárias em 28 de outubro para 324 na quarta. O único outro país da lista que também registrou baixa foi a Índia, mas em patamar muito inferior ao brasileiro (-2,5%).”
“Enquanto isso, o Reino Unido, que também viveu a experiência de ter uma queda expressiva no número de mortes de abril a junho, acumula alta de 73,0%. Os Estados Unidos também registram alguma preocupação. No intervalo analisado, a média móvel aumentou 30,4%. Também tiveram aumento Espanha (+74,4%), Alemanha (+195,1%), México (+11,1%), França (+122,4%), Rússia (+20,1%) e Itália (+197,6%). A média de mortes em todo o mundo avançou 38,0% no período.”
E a reportagem continuava: “A presença de coordenação nacional para a resposta à pandemia, o engajamento do presidente Bolsonaro, medidas restritivas austeras, alta adesão da população e o não surgimento de uma variante criaram uma “tempestade perfeita” positiva, nas palavras de especialistas.”
Onde foi publicada essa reportagem? Em lugar algum. Eu inventei, a menos das estatísticas, que são verdadeiras. Na verdade, só fiz um espelho de uma reportagem de hoje no Estadão. Só que desloquei as estatísticas cerca de quatro meses para trás.
Até concordo com os “especialistas” quanto ao diagnóstico da situação atual. O que me intriga é que quatro meses atrás vivíamos o exato oposto e não me consta que os fatores apontados tenham mudado substancialmente de lá para cá, a não ser quanto ao surgimento de uma nova cepa. Ou bem esses fatores influenciam sempre, ou não influenciam nunca. As duas coisas ao mesmo tempo não dá.