Método

Era óbvio que os áudios Bolsonaro-Bebianno iriam aparecer. Não se humilha uma pessoa em praça pública sem troco, se essa pessoa puder dar o troco.

Pode até ter havido quebra de confiança, e os áudios indicam que potencialmente houve sim, com ou sem culpa de Bebianno, pouco importa.

Isso é uma coisa.

Outra coisa é a forma ginasiana como o assunto foi tratado. Qualquer neófito em política sabe como se demite um ministro: primeiro diz que está prestigiado, depois chama o dito-cujo, diz que ele está demitido e combina com o demitido a melhor forma de sair.

Chamar o demissionário de mentiroso em rede social é jogar gasolina na fritura. Uma falta de habilidade política espantosa.

A não ser que…

A não ser que seja método. Um aviso de que todo auxiliar que quebrar a confiança do presidente será pendurado pelado de cabeça para baixo em praça pública.

Bebianno é um personagem absolutamente irrelevante. A República não vai cair com ele. A vida continua. Mas o episódio serviu para mostrar que ou falta a Bolsonaro habilidade política ou o presidente tem um método de tratar auxiliares que pode se voltar contra ele ao longo do tempo. O vazamento dos áudios foi somente uma amostra.

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