Estava agora assistindo a uma entrevista na Bloomberg. O assunto eram as eleições no Brasil.
A entrevistadora fazia perguntas a dois analistas, um brasileiro (dava para perceber pelo sotaque) e o outro gringo.
A certa altura, o brasileiro (que era o mais otimista sobre oportunidades de investimento no Brasil), citou o avanço do combate à corrupção como um ponto positivo, sendo que o símbolo seria o fato de termos um ex-presidente preso.
Quando o entrevistado citou o presidiário de Curitiba, a entrevistadora (a loira da foto) fez um sim com a cabeça que quase a fez cair da cadeira, daqueles que não deixam margem a qualquer dúvida. Como se não pudesse haver argumento mais forte para provar o sucesso no combate à corrupção.
Quando eu ouço de gente boa que “não havia provas” para condenar Lula, me pergunto se estivéssemos nos EUA, um presidente que ganha duas cozinhas Kitchen no valor de R$150 mil de uma empreiteira com interesses em obras públicas estaria solto por aí.
“Ah, mas não dá pra ligar uma coisa à outra”. Sério? Sério mesmo? Sérgio Moro se esforçou para fazer essa ligação em uma sentença de mais de 200 páginas. Os três desembargadores do TRF4 acham que ele teve sucesso na empreitada. Eu li e analisei a sentença nessa página. Se aquilo não era suficiente para condenar o molusco, então o crime de corrupção da alta administração da República é inimputável, por ser impossível de ser provado.
É óbvio que nos EUA Lula já estaria em cana comum. Por isso, o gringo (no caso, a gringa) concordou enfaticamente com a “prova” de que no Brasil se combate à corrupção.
O Brasil é devedor de Sérgio Moro pela única evidência que nos coloca entre os países civilizados do mundo.