Houve (mais) um frisson, por parte do Brasil bem-pensante, com as declarações de Mourão.
Desta vez, o vice dEle ousou ligar a pobreza ao narcotráfico.
Bem, Mourão não inovou na área. “Especialistas”, intelectuais e imprensa vêm, há anos, ligando a pobreza ao crime, ao afirmar que o problema da marginalidade está na falta de educação e de oportunidades aos jovens. Ora, quem não tem educação e oportunidades? Os ricos é que não são, não é mesmo?
Mourão está sendo taxado de preconceituoso ao dizer exatamente a mesma coisa. Ora, por que? Simples: Mourão não pertence à Igreja da esquerda. Então, tudo o que ele diz é preconceituoso, simples assim.
Mais de uma vez escrevi aqui que essa visão embute um preconceito atroz. A grandessíssima maioria dos mais pobres é honesta, enquanto há muito rico sem-vergonha por aí. A fala de Mourão, portanto, é preconceituosa sim, assim como a visão classista da esquerda.
Mas há um detalhe interessante, e que talvez seja a origem do mal-estar com a fala de Mourão por parte dos bem-pensantes.
Mourão não culpa apenas a pobreza. Culpa também as famílias desestruturadas pela violência.
Para a esquerda, não existem famílias desestruturadas. Existem apenas “estruturas familiares alternativas”. Então, quando Mourão diz que uma criança que cresce sem o pai tem maior propensão ao crime, o escândalo está instalado.
Não sou antropólogo para dar palpite nessa seara. Mas parece-me (só parece-me) que a família faz parte sim da natureza humana. Ao contrário da riqueza ou da pobreza, que são circunstâncias externas, o núcleo familiar não é dispensável na formação do caráter de uma pessoa. Para o bem ou para o mal. Então, parece-me que Mourão tocou em um ponto relevante.
Tendo dito isso, não conheço estudos científicos que comprovem a causalidade entre famílias sem pai e crime. Não estou dizendo que não existam, estou apenas confessando minha ignorância. Talvez Mourão tenha acesso a pesquisas desse tipo. Senão, é mais um chute com base no “bom-senso”. O mesmo que guia os preconceitos das esquerdas.