Sempre tive a impressão de que educação financeira nas escolas é um pouco como educação sexual: você pode até tentar ensinar as técnicas e os conceitos, mas a prática é outra coisa.
A grande preocupação em torno desse assunto é o descontrole financeiro que leva ao superendividamento. As pessoas se endividariam porque não conhecem juros compostos e não sabem como fazer um orçamento. Bastaria ensinar essas noções na escola para que os futuros adultos tivessem uma vida financeira regrada.
Na verdade, as pessoas se endividam porque gastam mais do que ganham. A questão não está só e nem principalmente na falta de conhecimento teórico, mas na falta de auto-controle diante das tentações do consumo. Trata-se, antes de tudo, de educar a vontade. O paralelo com a educação sexual nas escolas novamente aparece: ensinar como a gravidez ocorre e o uso de contraceptivos não tem impedido os casos de gravidez na adolescência. Não é por falta de informação.
Aliás, uma coisa que não falta é informação. Abundam os influencers de educação financeira, alguns com milhões de seguidores. São toneladas de dicas disponíveis no YouTube, Instagram e outras redes sociais. Mas as pessoas continuam se endividando acima da sua capacidade. As pessoas precisam de mais formação, não mais informação.
Dinheiro e sexo têm um quê de sagrado e de profano. Lidar bem com ambos requer um treino que vai além dos livros. Trata-se de uma tarefa de crescimento pessoal, que começa em casa e continua durante a vida inteira. Se esta dimensão não for considerada, vai continuar faltando toalha para enxugar o gelo.