Quantos imóveis desocupados existem no centro de São Paulo? 1.000? 2.000? 10.000?
Quantas famílias moram em condições “indignas”? (para usar o jargão, ainda que careça de precisão: o que faz uma moradia ser digna?). Certamente muito, mas muito mais famílias do que os imóveis desocupados e passíveis de invasão.
Então, fica a pergunta: por que esses que invadiram têm mais direito a um apartamento no centro da cidade, e não outros que moram nas inúmeras favelas ou na periferia profunda da cidade? Porque chegaram primeiro? Porque fazem parte de um “movimento” e “lutaram” pelo seu direito? O que aconteceria se todos os necessitados “lutassem” pelos seus direitos dessa maneira, ao mesmo tempo? Suspeito que o resultado não seria bonito de se ver.
Não existe solução fora da lei e da ordem. A lei é o que protege o mais fraco do mais forte, e permite que a civilização exista. Fora disso, é a lei da selva. E na lei da selva, o mais forte fisicamente vence. Ou você tem dúvida de quem conquistaria seus apartamentos se todos “lutassem” ao mesmo tempo?
Além disso, vimos como, na prática, o mais forte vence: “coordenadores” usam práticas de milicianos para achacar os pobres coitados. Fora da lei, não há salvação. Para ninguém.
E qual a solução, então? Não existe solução fácil. Todas já foram tentadas e redundaram em fracasso. O último exemplo vem da Venezuela: anos e anos de políticas populistas, que prometiam vida “digna” para todos, sem construir as bases para isso.
E quais são as bases? Em primeiríssimo lugar, o respeito à lei e à propriedade, sem o qual não há condições para o investimento produtivo. Quem vai colocar seu dinheiro e seus talentos para produzir se corre o risco de ver o fruto do seu trabalho ser “conquistado” por “movimentos sociais” ou ser confiscado pelo Estado?
É preciso ficar claro, de uma vez por todas: não existe criação de riqueza sem investimento produtivo, e não existe investimento produtivo sem proteção à propriedade. E, se não existe criação de riqueza, a única coisa que a “justiça social” conseguirá distribuir será a miséria.