Em um aspecto a imprensa tradicional leva vantagem sobre as mídias sociais: a edição. Para conseguir lugar no limitado espaço de uma edição de jornal, é preciso que a notícia ou reportagem passe pelo crivo de um editor. Qualquer Zé Mané pode escrever o que quiser nas redes sociais. Já em um jornal, um editor precisa ser convencido de que aquilo vale a pena ser publicado.
Daí que fico me perguntando o que convenceu o editor do Estadão a publicar uma entrevista de um tal Gerd Leonhard, “pensador digital”, “futurólogo” e “palestrante”.
Depois de ler que o futurólogo prevê que teremos “energia de graça” daqui a 30 anos (Einstein deve estar se revirando no túmulo), fui atrás do currículo do futurólogo.
Mr. Gerd era músico e escreveu um único livro, em 2005, chamado The Future of Music. Parece que foi um best seller. Neste livro, ao que parece, Mr. Gerd mostra a sua visão de como a música seria consumida não mais em mídias físicas, mas a partir da nuvem. Com base nessa visão, ele funda uma empresa, a Sonific, mas não tem muito sucesso: a Sonific encerra suas operações em maio de 2008, coincidentemente o mesmo ano de fundação do Spotify, essa sim, uma empresa disruptiva neste mesmo campo.
Mas Mr. Gerd não se deixa abater. Com base nesse track record, ele aproveita seu dom de “prever o futuro” para vender palestras. E é isso que Mr. Gerd faz hoje, pelo visto com muito sucesso.
Apesar de previsões, de modo geral, otimistas, a coisa para o Brasil vai ser mais difícil. Precisaremos da ajuda dos países ricos para lidar com a pobreza e as mudanças climáticas. Ainda bem que o Estadão nos permitiu acesso a tão útil conhecimento. E se você acha que este post foi uma perda de tempo, imagine só o que deve achar o leitor do Estadão, que paga para alguém escolher notícias relevantes.