Há não muito tempo, a colunista Eliane Catanhede protagonizou o que talvez tenha sido o mais famoso “cala boca Magda” da história do jornalismo brasileiro, ao sugerir, em sua coluna, que Lula poderia desistir de sua candidatura, ocupando uma vaga de vice-presidente em uma “chapa de união”. Lula, com a verve que Deus lhe deu, respondeu que Catanhêde poderia dar um golpe de mestre e parar de escrever bobagem, fazendo alusão ao título da coluna, “Golpe de mestre”.
Catanhêde, dessa vez, para não levar um outro “cala boca”, toma o cuidado de não assumir a maternidade de outra ideia genial. Em sua coluna de hoje, explica como Lula deveria conduzir a sua campanha se quiser ter alguma chance contra Bolsonaro, e atribui as suas ideias a uma suposta “ala moderada” do PT, como se isso existisse.
Em resumo, segundo a colunista, Lula deveria “caminhar para o centro”, “abrir mão da reeleição” e ”prometer reconstruir o país”. Na verdade, dessas três “ideias”, duas são meio que óbvias e uma (a da reeleição) é prima-irmã de assumir uma vaga de vice, além de ser, claro, uma promessa pouco crível. “Ser o presidente da reconstrução” é o que todos, com exceção do incumbente, prometem. E “caminhar para o centro” é o que Lula já começou a fazer, ao escolher Alckmin como vice. Aliás, na verdade, esse é um movimento quase dispensável, dado que todas as falas radicais do candidato, como revogar a reforma trabalhista ou acabar com o teto de gastos, são considerados pelos “centristas doidos para votar em Lula” como “discurso de campanha” que será abandonado pelo “pragmático Lula”.
A colunista, no último parágrafo, deixa entrever o seu objetivo: aconselhar o seu candidato in pectore a como enfrentar a “intensa pancadaria” que vai sofrer durante a campanha. Como se sofrer pancadaria fosse uma exclusividade de Lula e como se a pancadaria não fosse, de alguma forma, merecida. Para não ficar parecendo que Catanhêde virou estrategista da campanha do PT, aguardamos análise semelhante para os outros candidatos.