O que vai ser história

São milhares de notícias todos os dias. É virtualmente impossível distinguir aquelas que são irrelavantes daquelas que mudarão os rumos do país.

No já longínquo 18/03/2014, o Estadão publicava em um canto da primeira página o resultado da 1a fase da operação Lava-Jato.

O destaque fica para um obscuro condenado do Mensalão, Enivaldo Quadrado. Na reportagem interna é citado o doleiro Alberto Youssef, mas não o juíz Sérgio Moro. Todos foram presos na hoje famosa carceragem da PF do Paraná.

A manchete deste dia é “Procuradoria se une à PF e vai investigar a Petrobrás”, referindo-se aos negócios com a holandesa SBM Offshore. Neste dia, Dilma dava posse a 6 ministros, com direito à frase “povo percebe quem está do lado dele”.

Uma nova página da história do Brasil começava a ser escrita neste dia. Mas ninguém percebeu.

Tudo acaba em triplex no Guarujá

Eliane Cantanhêde informa hoje que parlamentares de partidos de esquerda estão articulando a formação de um novo (mais um!) grande partido de esquerda, sucessor do PT, cujo ciclo teria acabado. Seria a hora de “resgatar as teses da esquerda que afundam junto com a era petista”.

Me faz lembrar o que dizem sobre o fim da URSS: que o socialismo verdadeiro não foi realmente implementado na URSS, com suas classes dirigentes tendo desvirtuado os ideais socialistas.

Não conseguem ver que o ideal socialista traz em si o germe totalitário, e com ele, a corrupção absoluta. O Manifesto Comunista, de Marx e Engels, já dizia: “O proletariado usará sua supremacia política para arrancar, gradualmente, todo o capital da burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do estado, isto é, do proletariado organizado como classe dominante; e para aumentar as forças produtivas tão rapidamente quanto possível. Claro que, no início, isto não pode ser obtido exceto por meio de intervenções despóticas nos direitos de propriedade, e nas condições de produção burguesas”.

A utopia está em que, ainda segundo o Manifesto Comunista, “quando, no curso do desenvolvimento, as distinções de classe tiverem desaparecido, e toda produção estiver concentrada nas mãos de uma vasta associação de toda a nação, o poder público perderá o seu caráter político. […] No lugar da velha sociedade burguesa, com suas classes e seus antagonismos de classes, deveremos ter uma associação, na qual o desenvolvimento livre de cada um é a condição para o desenvolvimento livre de todos.”

Fica difícil entender como conjugar “intervenção despótica” com “desenvolvimento livre” no mesmo texto, e é justamente essa contradição insolúvel que torna o socialismo uma utopia: os “homens livres” em uma “sociedade livre” sempre ficam para depois, porque agora precisamos continuar “intervindo despoticamente” nas instituições burguesas.

O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente. O socialismo fracassou onde quer que tenha se tentado implementar seriamente porque precisa de homens incorruptíveis para a sua implantação. Homens utópicos, não reais. O estado é um ente abstrato, que é operado através de um governo, que é formado por homens. A concentração de poder no estado significa a concentração de poder na mão de poucos. E os revolucionários tornam-se a nova burguesia, a nova classe dominante, como magistralmente retratado na Revolução dos Bichos, de Orwell.

A criação de um novo partido de esquerda, para manter acesa a chama dos ideais socialistas, é só o reinício do ciclo: a busca da utopia, que acaba em um triplex com elevador no Guarujá.

Quem eles pensam que são?

Quem esses caminhoneiros pensam que são? Não são filiados a nenhum sindicato, não estão defendendo a pauta da catchiguria, não estão protestando a favor do governo, tem alguns até que têm o displante de serem frotistas, dando emprego a outros caminhoneiros!

Multa e prisão neles!!!!

Sempre brilhante

“O governo elegeu-se com verba de corrupção, descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal, manteve uma quadrilha na Petrobras. Enquanto estiver no poder, o relógio do recomeço está desligado. Não adianta tocar para a frente, como se não tivesse acontecido. Nem mantê-lo desligado até 2018. Não se para o tempo.”

O sempre brilhante Fernando Gabeira.

Processo de petização completo

Levy quer fazer uma enquete para descobrir porque o brasileiro não quer a CPMF. As perguntas procurariam saber se a rejeição seria por conta da “transparência” ou “facilidade da arrecadação”. Vai na mesma linha de Lula, que afirma que a elite não gosta dele porque “ajudou os pobres”.

O processo de petização de Levy está completo.

Por que você não gosta da CPMF?

Levy quer fazer uma enquete sobre a CPMF. Sugiro as seguintes alternativas no cartão:

Por que você não gosta da CPMF?

1. Porque não estou disposto a pagar mais imposto para um governo que não quer cortar gastos.

2. Porque não estou disposto a pagar mais imposto para um governo que disse que não precisava de mais imposto antes da eleição.

3. Porque não estou disposto a pagar mais imposto e continuar pagando educação, saúde e segurança do próprio bolso.

4. Porque não estou disposto a pagar mais imposto para o governo de um partido que despreza aqueles que pagam impostos.

5. Todas as anteriores.

O que estão esperando?

Números interessantes da pesquisa CNT/MDA:

% dos entrevistados que acham que as pedaladas justificam o impeachment: 61%

% dos entrevistados que consideram Dilma como culpada pela corrupção na Petrobras: 69%

% dos entrevistados que consideram Lula como culpado pela corrupção na Petrobras: 68%

O que os políticos estão esperando?

O Brasil é irritantemente previsível

Hoje eu assisti 5 minutos de Marcio Pochmann na Globo News. Aprendi muita coisa.

Aprendi, por exemplo, que os dois últimos grandes “blocos de investimento” (o que quer que isto signifique) ocorreram na 2a metade da década de 50 com JK e na 2a metade da década de 70 com Geisel. E que o PAC era para ser esse “bloco de investimento” na 2a metade da década passada, mas transformou-se em política anti-cíclica por conta da crise de 2008/09. Essa parte eu não entendi muito bem, mas acho que seria assim como um Pokemon que evolui: o Pikachu-investimento evoluiu para o Pikachu-contracíclico. De qualquer modo, entendi que não funcionou.

O que Marcio Pokemon, quer dizer Pochmann, não contou foi que os “blocos de investimento” de JK e Geisel desembocaram em dívidas imensas e inflação descontrolada no início das respectivas décadas seguintes.

O Brasil é irritantemente previsível.