Lula faz segredo sobre o seu ministério, o que deixa as especulações correndo soltas. A jornalista Andrea Jubé, hoje, no Valor, é mais uma que pratica o esporte predileto dos colunistas políticos nesses dias.
Em todas as listas de ministeriáveis, no entanto, uma ausência grita alto: a da ex-presidente Dilma Rousseff.
Dilma não é um quadro qualquer. Difícil encontrar no PT ou em qualquer outro partido alguém com a sua experiência. Mulher-forte do governo Lula desde 2005, quando assumiu a Casa Civil, e presidente da República por pouco mais de 5 anos, Dilma foi o cérebro e os músculos dos governos do PT entre 2005 e 2016. Alcunhada pelo próprio Lula de ”mãe do PAC”, Dilma seria a escolha natural para coordenar o programa que Lula promete ressuscitar.
A completa ausência de Dilma das especulações sobre o ministério de Lula só pode ser explicada por um grande pacto do silêncio em torno de um parente inconveniente. É daqueles assuntos proibidos em conversas em torno da mesa, pelo constrangimento que causam. Em uma das raras ocasiões em que Lula foi confrontado com o seu segredo, em entrevista a Willian Waack, escapou pela tangente. “Vamos falar do meu governo”, quase suplicou o ex-presidente. Não se trata de um assunto fácil.
Acho que Dilma é uma grande injustiçada. Seu grande pecado foi ter levado ao limite todas as ideias econômicas do PT. Quando veio o desastre, levou a culpa sozinha. Aliás, se perguntado, Lula dirá que Dilma fez tudo certo, que os culpados pela crise foram a Lava-Jato, os americanos, os golpistas etc. O que torna a sua ausência da lista de ministeriávies algo incompreensível: afinal, se ela fez “tudo certo”, por que abrir mão de um quadro tão qualificado?
Quando economistas pedem “responsabilidade na condução da política econômica”, referem-se veladamente às políticas levadas a cabo por Dilma Rousseff. A ausência de Dilma da lista de ministeriáveis serve como uma espécie de ”garantia” de que seus erros não serão cometidos novamente. Como se suas “ideias sobre economia” fossem de sua própria lavra, e não patrimônio comum a todo o “pensamento econômico” do PT. No fundo, a esperança dos economistas apoiadores de Lula é de que o PT não seja o PT.