Imagine um sujeito que gosta de perder o seu tempo ofendendo e assediando uma assistente virtual (!). Se a resposta da assistente é algo genérico do tipo “não entendi”, a brincadeira logo perde a sua graça. Agora, imagine que para cada provocação, houvesse uma resposta “contundente”. Qual seria a reação do provocador? Parece óbvio para quem conhece o mínimo de psicologia masculina que respostas desse tipo tornariam muito mais divertida a experiência de ofender a assistente virtual. O ofensor buscaria testar várias formas de ofensas para verificar se as repostas mudariam e, quanto mais contundente a resposta, mais divertido seria.
Realmente não sei em que planeta vive a diretora do banco que patrocina a iniciativa, que diz esperar uma “mudança de comportamento”. Bem faz a Amazon, que adotou a tática do silêncio: a Alexa nada responde quando ofendida. Isso claramente desestimula as ofensas.
Isso tudo é tão óbvio que me recuso a acreditar que os gênios de marketing do banco e da agência não saibam. O que nos leva a uma segunda opção: na verdade, perceberam a oportunidade de usar essas ofensas como uma forma de posicionar a marca no campo da defesa das mulheres. Em linguagem das redes sociais, viram uma oportunidade de lacrar. Quer dizer, vão usar um artifício que estimula a ofensa para fazer uma campanha de marketing com o objetivo de construir uma imagem de defensor das mulheres. Muito interessante.