Uma bola dentro

O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira) de 2021 foi divulgado em setembro. O Ceará está no pelotão da frente, com nota 4,4, ao lado de Pernambuco e São Paulo. Só perde para Paraná (4,6) e Goiás (4,5). É notória a experiência de Sobral, replicada em todo o estado, e que permite ao Ceará ombrear com estados muito mais ricos em efetividade do aprendizado no nível mais básico.

A nomeação de Camilo Santana e, principalmente, Izolda Cela, para o ministério da educação, dois nomes envolvidos na experiência educacional do Ceará, foi elogiada por think tanks respeitados, como o Centro de Políticas Educacionais da FGV e o Instituto Todos Pela Educação. Aliás, a crítica à nomeação de ambos veio por parte de setores mais à esquerda, que criticam justamente a parceria de ambos com institutos desse tipo.

Mas o melhor selo de qualidade dessas indicações veio por parte de um professor aposentado da Federal do Ceará, que criticou o fato de que o Ceará apenas “treina os alunos para irem bem no IDEB”, ao invés de receberem uma educação que permita “acesso à cultura e à vida cidadã”. Quer melhor testemunho de que o Ceará está no caminho certo?

O futuro governo Lula tem recebido aqui as mais duras críticas com relação às suas escolhas na área econômica. Mas é preciso elogiar quando fazem algo certo, como parece ser o caso. O último ministro da educação decente que tivemos foi José Mendonça Filho, no governo Temer, que patrocinou uma ampla reforma do ensino médio. Depois disso, o governo Bolsonaro parecia mais preocupado em fomentar colegios cívico-militares do que formular politicas públicas para a área. Sem contar que alcançou a façanha de ter nada menos que 5 ministros da educação em 4 anos, o que, por si só, já indica o caos em que se transformou o setor no governo que ora vai se encerrando.

O governo federal tem diretamente sob sua tutela apenas as universidades federais e as escolas técnicas federais. Mas é também responsável pelas grandes políticas públicas que serão seguidas pelas escolas estaduais e municipais. Serão essas políticas públicas, seguidas com perseverança ao longo de anos, que permitirão que a educação básica alcance os seus objetivos. É o que a experiência do Ceará parece demonstrar.