O novo que é velho

Romeu Zema foi o único governador eleito pelo Novo. Ao ser perguntado sobre a privatização da Cemig e de outras estatais de Minas Gerais, respondeu com o que vai abaixo. Ciro Gomes não responderia outra coisa.

Começa a ficar claro porque Gustavo Franco não topou ser o secretário de Finanças de Zema. Se esta for a vitrine do Novo, receio que o partido terá problemas.

Um pouco mais feliz

As usinas que pertenciam à Cemig foram leiloadas hoje. O governo arrecadará mais de R$ 12 bilhões, com um ágio de quase 10% sobre o preço mínimo.

Um deputado de Minas afirmou que as usinas foram vendidas “a preço de banana”. Não ocorreu a ninguém perguntar ao nobre deputado qual teria sido o “preço justo”. Mesmo porque, não há preço que pague o feudo político que representa uma estatal. Trata-se de uma fonte eterna de empregos e barganhas políticas, impossível de precificar.

Além dos donos do feudo, também os sindicalistas se mostraram preocupados. Os empregos estariam ameaçados. Sim, estão mesmo. Empregos que nem deveriam existir e cujo custo recai sobre toda a sociedade, que sustenta a baixa produtividade das estatais.

Além dos donos do feudo e dos sindicalistas, também os defensores dos interesses nacionais criticaram a venda das usinas da Cemig. Os interesses nacionais, por algum motivo, envolveriam manter a geração da energia elétrica nas mãos do Estado. Talvez porque, em uma guerra, as multinacionais pudessem cortar a energia das nossas cidades. Bem, não precisa de uma guerra pra cortar a energia, basta uma chuvinha de verão.

Os donos de feudo, os sindicalistas e os defensores do interesse nacional estão hoje um pouco mais tristes. O que significa dizer que o cidadão está um pouco mais feliz.

Mais um curral

A privatização da Eletrobrás é dessas coisas em que só acredito vendo. FHC, na época das grandes privatizações, até que tentou, mas não conseguiu. Fez privatizações localizadas, de concessionárias estaduais. Mas na vaca sagrada do setor elétrico, não tocou.

O que me chama a atenção nesse episódio é o contraponto que o governo federal está fazendo em relação a Minas Gerais. Enquanto políticos mineiros dos mais diversos partidos lutam sofregamente para manter mais essa ilha de ineficiência chamada Cemig, o governo federal vende a Eletrobrás, para aumentar a eficiência e baratear a energia para o consumidor.

Por que tamanha sofreguidão em manter a Cemig nas mãos do estado? Difícil de entender, sem lançar mão da hipótese de manter nas mãos desses mesmos políticos um instrumento de, digamos, acomodação de interesses. “Interesses estratégicos” ou “patrimônio do povo mineiro” seriam motivos cômicos se não fossem trágicos. Minas, como todos os outros Estados do Brasil, está quebrada. Mas esses políticos irresponsáveis não veem problema em tomar uma dívida de R$11bi para pagar pelas concessões que, de outro modo, seriam leiloadas. E R$11 bi do BNDES, que estaria, assim, perpetuando a ineficiência.

Aécio Neves, o político mineiro que está liderando esta patacoada, posou de moderno na campanha de 2014. Está se mostrando, na verdade, mais um coronel que quer manter o seu curral intacto.