A privatização da Eletrobrás é dessas coisas em que só acredito vendo. FHC, na época das grandes privatizações, até que tentou, mas não conseguiu. Fez privatizações localizadas, de concessionárias estaduais. Mas na vaca sagrada do setor elétrico, não tocou.
O que me chama a atenção nesse episódio é o contraponto que o governo federal está fazendo em relação a Minas Gerais. Enquanto políticos mineiros dos mais diversos partidos lutam sofregamente para manter mais essa ilha de ineficiência chamada Cemig, o governo federal vende a Eletrobrás, para aumentar a eficiência e baratear a energia para o consumidor.
Por que tamanha sofreguidão em manter a Cemig nas mãos do estado? Difícil de entender, sem lançar mão da hipótese de manter nas mãos desses mesmos políticos um instrumento de, digamos, acomodação de interesses. “Interesses estratégicos” ou “patrimônio do povo mineiro” seriam motivos cômicos se não fossem trágicos. Minas, como todos os outros Estados do Brasil, está quebrada. Mas esses políticos irresponsáveis não veem problema em tomar uma dívida de R$11bi para pagar pelas concessões que, de outro modo, seriam leiloadas. E R$11 bi do BNDES, que estaria, assim, perpetuando a ineficiência.
Aécio Neves, o político mineiro que está liderando esta patacoada, posou de moderno na campanha de 2014. Está se mostrando, na verdade, mais um coronel que quer manter o seu curral intacto.