Na iniciativa privada, o salário é determinado pela lei da oferta e da demanda. Se a demanda por um determinado tipo de trabalho aumenta, o salário aumenta, e vice-versa. Por isso, na iniciativa privada, o salário mínimo é uma ilusão de ótica. As empresas que precisam pagar salários mais altos para contratar, vão pagar, independentemente do valor do salário mínimo. As empresas que não podem pagar sem se inviabilizar, não vão pagar. Vão contratar de maneira informal ou nem vão abrir.
Por exemplo, pago para minha empregada mais do que um salário mínimo. Este é o preço deste tipo de mão de obra na cidade de São Paulo. Nem olho o salário mínimo para determinar o salário. Olho o mercado. Se não pagar este valor, simplesmente não consigo contratar.
Por outro lado, a informalidade é recorde no Nordeste e entre os mais jovens. Claro: na maior parte das vezes, não há viabilidade econômica para sustentar o pagamento de um salário mínimo nesses casos.
Isso é na iniciativa privada, onde a discussão sobre um “salário mínimo” é inócua, pois a viabilidade econômica é o que conta.
O salário mínimo vai pegar mesmo é no pagamento dos benefícios previdenciários: pensões e BPC. Como o dinheiro, neste caso, é do Tesouro, não se faz conta da viabilidade econômica. O governo que aumente os impostos e faça dívida para pagar o salário mínimo. E, quando não for mais possível aumentar impostos ou dívidas, que imprima dinheiro.
Aumento de impostos, pagamento de juros da dívida e inflação (gerada pela “impressão” de dinheiro) saem de um bolso só: dos mais pobres. O sistema político, respaldado por uma população com a ilusão de que o Estado tira o dinheiro dos mais ricos, resiste a parar essa roda insana: mais impostos, mais juros, mais inflação, em nome da “justiça social”.
Mas se tem economista com pós-doutorado que defende que os gastos do governo geram crescimento econômico, é pedir demais que o povo entenda esse tipo de raciocínio. Não há solução.