Fiz esse gráfico simples com dados do FMI. Ele mostra a evolução do PIB/capita (conceito de poder de compra) de Brasil, Chile, Coreia e China em relação ao PIB/capita dos EUA. Ou seja, quanto os cidadãos desses países se aproximaram do poder de consumo do norte-americano médio.
Antes que digam que não são coisas comparáveis porque cada um desses países têm redes de proteção social diferentes, vale lembrar que renda é renda. Qualquer “rede de proteção social” deve ser financiada pela renda gerada pelo país, ela não desce de Marte. Então, o PIB/capita, que é a renda gerada pelos cidadãos do país, é uma boa medida do bem-estar médio dos cidadãos.
Pois bem. No início dos anos 80, nosso PIB/capita representava quase 40% do PIB/capita americano. Era o maior dos 4 países selecionados. Hoje, menos de 40 anos depois, representa 25% da renda de um americano. É o menor dos 4 países.
O PIB/capita do Chile aumentou de maneira relevante, de menos de 30% no início da década de 80 para mais de 40% no início desta década. A partir daí, estagnou. Alguma coisa aconteceu. E não é problema de “falta de igualdade”.
China e Coreia não interromperam suas trajetórias de enriquecimento, embora a Coreia tenha diminuído o ritmo nos últimos 5 anos, o que é compreensível, dado o alto patamar de 70% do PIB dos EUA. A partir desse nível, é esperado que o crescimento seja mais lento mesmo.
Críticos desse tipo de análise poderão dizer que PIB não é tudo. Seria preciso analisar outros indicadores de bem-estar do povo. “Igualdade” seria um deles: de que adianta muita riqueza, se fica concentrada nas mãos de poucos?
A experiência mostra que os países mais ricos são os que apresentam melhor distribuição de renda. A distribuição melhora com a riqueza, não o contrário. E é fácil de entender porque: fica mais fácil fazer “política social” quando se tem dinheiro. Distribuir o que não se gera é a receita do desastre.
A evolução do PIB/capita continua sendo o melhor indicador do sucesso material de uma sociedade. O resto é utopia.