Convescote em Lisboa

Reportagem do Estadão nos brinda com mais um caso de “eficiência” do sistema judiciário brasileiro. Trata-se do julgamento de desembargadores do ES, acusados de venderem sentenças. 11 anos depois, o processo está longe do fim.

Mas o que me chamou a atenção não foi nem a lentidão, já em si um escárnio. O detalhe sórdido é o porque o julgamento foi, mais uma vez, adiado.

A subprocuradora da República, escalada pela PGR para representar a acusação, não estava presente. E por que não estava presente? Porque viajou para Portugal. E é aí que o detalhe faz toda a diferença.

A subprocuradora foi a um evento organizado por um instituto de propriedade do ministro do STF Gilmar Mendes, com sede em Lisboa. Nem vou entrar aqui no labirinto dos motivos que levam um ministro do STF a ter um negócio em Lisboa. Meu ponto é outro.

Neste evento, está presente a nata da política brasileira, como Arthur Lira e Gilberto Kassab, além de magistrados dos mais diversos quilates, incluindo a subprocuradora da República. Todos reunidos em Portugal, com passagens e estadia pagas pelo erário brasileiro. Então, vou repetir para quem não entendeu: o imposto que você recolhe está servindo para pagar as custas dos participantes brasileiros de um evento em Portugal para discutir os “problemas brasileiros”. Enquanto isso, um processo contra desembargadores está parado há 11 anos nos escaninhos da República.

Bom dia pra você que, como eu, acordou em uma segunda-feira para ir trabalhar e gerar a renda que será gasta em convescotes em Lisboa.

Lavagem de ouro

Isso porque ainda não foram verificar quanto estão pagando pela locação de 77 veículos (!).

E não adianta vir candidato à presidência dizendo que vai acabar com essa pouca vergonha. Os poderes têm “autonomia administrativa”, então quem decide essas coisas é o presidente da Câmara, no caso, o Rodrigo Maia, que pertence, como sabemos, a um partido com ideias liberais e modernas.

E isso é só uma coisica de nada, escondida lá na máquina da Câmara dos Deputados. Imagine o que não existe nesse Brasilzão de Deus.

Eu costumo dizer que o combate à corrupção e ao desperdício são importantes mas são café pequeno perto das grandes reformas constitucionais, que é o que vão resolver o problema das contas públicas brasileiras. Exemplos desse tipo me fazem duvidar de minhas convicções.

Quero ter raiva, mas não consigo

O TRF-3 devolveu os seguranças, motoristas e carros a que o ex-presidente Lula tem direito.

Ok, está na lei.

Assim como estão na lei milhares e milhares de outras benesses pagas pelos trouxas que produzem o PIB do país.

Os seguranças, motoristas e carros do ex-presidente Lula são um monumento ao desperdício, um símbolo da desfaçatez com que se tratam os impostos que o povo paga com seu sangue. E depois vêm com a maior cara lavada pedir sacrifícios ao povo.

Quero ter raiva dos caminhoneiros, mas não consigo.

Barbeiragem

Sai mais barato jogar US$ 150 milhões no lixo e começar do zero.

Acreditem: o desperdício de dinheiro em políticas megalomaníacas dos governos petistas é muito, mas muito maior, do que a roubalheira.

Infelizmente, desperdício de dinheiro público não é crime tipificado. Caso fosse, Lula e Dilma pegariam prisão perpétua.