Popularidade nas redes

10 milhões no Facebook e 6 milhões no Twitter é bastante gente. Mas é natural: afinal, trata-se de um presidente da república, e não de um presidente qualquer, mas de um com alta popularidade e que construiu sua campanha eleitoral (e vem governando) através das redes sociais.

Mas esses números são colocados em contexto quando comparados aos de Dilma Rousseff, uma ex-presidente que saiu escorraçada do Palácio do Planalto, com popularidade no nível das Fossas Marianas, fora do poder há mais de 3 anos, que obteve um vexaminoso 4o lugar para a eleição do Senado em MG, e sem relevância alguma no cenário político atual.

Com esse curriulum, Dilma tem 3 milhões de seguidores no Facebook e 6 milhões de seguidores no Twitter.

Ou seja, se o presidente quer mostrar seus números nas redes sociais como uma demonstração de sua popularidade, precisará pensar em outro argumento.

Ficção Não-Científica

Economia é uma ciência humana. Portanto, não é exata. Nem por isso se pode ignorar os dados objetivos e inventar uma narrativa conveniente que não converse com a realidade.

A ressurreição do documentário de ficção indicado para o Oscar fez ressurgir também outra narrativa muito conveniente: o desastre econômico do governo Dilma foi, em grande parte, fruto da queda dos preços das commodities entre 2014 e 2016. Ignorar esse contexto global seria pura e simples má fé.

Destaquei dois tuítes de uma professora da FGV que resumem o, digamos, raciocínio. Até admite-se que a resposta à crise global por parte do governo Dilma não tenha sido das melhores. Mas é indisfarçável o desejo de livrar a cara da presidenta. Afinal, se Lula teve sorte, por que Dilma não teria simplesmente tido azar?

Bem, se alguém teve azar nessa narrativa foi a realidade. A forma mais fácil de entender quanto da crise brasileira foi causada pela queda dos preços das commodities e quanto foi obra nossa é comparar o nosso desempenho com um grupo de países comparáveis. Para tanto, peguei os dados do FMI de crescimento do PIB do Brasil e comparei com a média da América Latina (isso inclui Venezuela e Argentina!) entre os anos de 2003 e 2016 (governos Lula e Dilma). Nos anos em que o número é positivo, o Brasil cresceu mais do que a média, e vice-versa.

Podemos observar 4 fases distintas:

– 2003 a 2006: o governo Lula adota políticas ortodoxas, dando continuidade ao ajuste das contas pós desvalorização cambial. O Brasil cresce menos que a média.

– 2007 a 2010: aqui há duas narrativas possíveis. A primeira diz que o governo Lula começa a colher os frutos de anos de ortodoxia. A segunda diz que o Brasil começou a crescer mais do que a média porque começou a adotar políticas heterodoxas, com Guido Mantega e patota assumindo o controle. Eu prefiro a primeira, mas a segunda tem a sua utilidade, principalmente para explicar o período seguinte.

– 2011-2014: a heterodoxia aplicada a partir principalmente da crise de 2008 perde fôlego e não consegue mais sustentar o crescimento. Dizem os heterodoxos que a culpa foi de Dilma, que cedeu aos ortodoxos no início do seu mandato, elevando os juros e fazendo ajuste fiscal. Pode ser. Mas isso não explica o que aconteceu entre 2012 e 2014, quando a heterodoxia comeu solta.

– 2015-2016: dizem os heterodoxos que a grande recessão foi causada porque Dilma novamente cedeu aos ortodoxos, ao contratar os serviços de Joaquim mãos-de-tesoura Levy. Mas não ouvi ninguém negar que havia uma crise NO BRASIL. Está claro no gráfico que o Brasil sofreu muito mais que seus pares nesse biênio, o que é obra puramente tupiniquim.

No mercado se diz que, quando se tira a água da piscina, se descobre quem está nadando pelado. Não adianta culpar quem tirou a água da piscina, é obrigação de todo banhista nadar de sunga ou de maiô. Da mesma forma, a queda dos preços das commodities não pode servir de desculpa para o fato de se ter feito barbeiragem na condução da economia. A crise global só explicitou esse fato.

Tentar explicar o desastre econômico do governo Dilma a partir da crise das commodities é tão crível quanto a narrativa do golpe. Ambas se encaixam na categoria ficção não-cientifica.

Sou planilheiro, com muito orgulho, com muito amor…

Dilma Rousseff costumava demonizar os economistas ortodoxos chamando-os de “planilheiros”. A ideia era de que a vida é muito complexa, e não cabe em uma planilha Excel.

Sim, verdade. A vida é muito complexa. São muitas e variadas as necessidades humanas. Não dá pra planilhar o ser humano.

Mas o gestor público tem um problema: ele lida com TODOS os seres humanos de um determinado território. É humanamente impossível tratá-los um a um, individualmente. Por isso, quando um político diz que vê “as pessoas” por trás dos números, ou está mentindo, ou está cometendo uma grande injustiça.

Ele está cometendo uma grande injustiça porque, como é impossível focar em TODAS as pessoas, ele necessariamente vai focar em algumas em detrimento de outras. Programas habitacionais sempre vão deixar muita gente de fora. Universidades públicas sempre vão deixar muita gente de fora. E assim por diante.

Programas verdadeiramente universais, como o SUS ou a educação básica, são de péssima qualidade. Porque, para atingir a TODOS, é preciso MUITO, mas MUITO dinheiro. Um dinheiro que um país pobre não tem.

Então, programas de excelência “sorteiam” as pessoas com critérios que sempre serão injustos para os que ficam de fora. Dirão que é melhor atender alguns do que nenhum. Ao que responderei: melhor atender a TODOS, mesmo que seja com pouco.

Para atender a todos, é preciso planilhar. “Todos” significa trabalhar com um imenso número de pessoas, e não se consegue fazer isso sem uma abordagem sistêmica. Não existe política pública individual.

Sim, sei que ferirei os espíritos mais sensíveis, mas o governo é mais justo quando transforma as pessoas em números. A planilha é um instrumento de justiça.

Óbvio que nada substitui o contato direto com as mazelas reais da população. Um governante sem esse contato corre o risco de se transformar em um tecnocrata. Mas, tendo tido esse contato, as políticas públicas precisam ser horizontais, atingindo o máximo possível de pessoas. E isso só se faz com planilha.

Tudo isso pra dizer que a planilha abaixo, indicando a superioridade do Chile em relação ao Brasil, não é coisa de “planilheiro”, no sentido pejorativo da palavra, sinônimo de alguém “insensível” aos problemas reais da população. Indicadores gerais de riqueza significam sim que um povo está melhor de vida do que outro. Os dados agregados contam melhor a história do que tristes fatos isolados.

Não podemos nos deixar levar pela “falácia do jornalista”. Qualquer repórter, quando vai escrever uma matéria, procura algum caso específico para “ilustrar” um suposto “problema geral”. Aquele caso específico pode ser muito triste, mas, sem dados agregados que o corroborem, é impossível dizer que aquilo é realmente um problema digno de uma política pública.

Existem, por óbvio, problemas específicos, como doenças raras, que merecem políticas públicas focadas em poucas pessoas. Mas, via de regra, as políticas públicas são voltadas aos mais pobres, que são numerosos. E a forma mais eficaz de avaliar o sucesso de uma política pública é o acompanhamento dos dados agregados. Em planilhas.

Planilha extraída da página Economia Mainstream do Facebook

Petrobrás grande

Hoje a Petrobras anunciou a produção média de petróleo no terceiro trimestre: 2,2 milhões de barris/dia, a maior produção da história da empresa.

Lembrei de um gráfico que vi em 2013 no site da Petrobras, que previa a duplicação da produção de petróleo até 2020. Procurei nos meus arquivos e encontrei (tenho por hábito guardar essas “previsões” para depois conferir). Era o tempo da “Petrobrás Grande”, em que o pré-sal era o nosso passaporte para o futuro e a Petrobras carregaria o Brasil nas costas.

Bem, o resto é história.

No gráfico abaixo comparo a previsão com a realidade. Hoje produzimos apenas 10% a mais de petróleo do que em 2013. Muito, mas muito distante da promessa de 4,2 milhões de barris. O pré-sal já representa 60% da produção, o que significa que os outros poços deixaram de produzir. Ficamos patinando por anos em 2 milhões de barris, e só recentemente a produção parece querer mudar de patamar.

A Petrobras foi vítima de rapina e de políticas equivocadas, como o congelamento dos preços dos combustíveis, a exigência de conteúdo nacional de seus fornecedores, a obrigação de participar de todos os leilões com, no mínimo, 30% do investimento e a construção de refinarias superfaturadas. O resultado foi o de alcançar, orgulhosamente, o posto de empresa mais endividada do mundo, sem a mínima capacidade de investimento.

A previsão de produção de 4 milhões de barris/dia foi uma de tantas previsões que naufragaram na incompetência e em visões pré-históricas de como funciona a economia e os negócios. Por isso, fico possesso quando leio “economistas do outro lado” pontificando sobre as “saídas” para a crise. Uma crise criada pelas suas belas teorias aplicadas ao dia-a-dia dos coitados dos brasileiros.

Sempre que você ouvir algum economista defendendo o Estado como “indutor” do crescimento, lembre-se do gráfico abaixo. E não se deixe enganar pelo embusteiro.

O preso de Schrödinger

Quando cumprir 100% da pena, Lula vai querer continuar preso até que reconheçam sua inocência.

Será o único solto preso do país.

Como diria a saudosa, não acho que quem ficar preso ou ficar solto, nem quem for preso nem for solto, vai ficar preso ou solto. Vai todo mundo ficar preso.

Porque a Abril está falida

Quem é Dilma?

Que relevância tem a sua opinião sobre Bolsonaro?

O que a Exame, uma revista supostamente de negócios, está fazendo repercutindo essa fala?

Este tuíte explica muito do porque a Abril está falida.

Ex-presidenta

R$ 52,6 mil por mês. Esse foi o gasto de Dilma Roussef em sua função de “ex-presidente da República”. O que faz um “ex-presidente da República”, além de encher o saco nas redes sociais e falar mal do Brasil no exterior? Precisa inventar bastante coisa pra gastar mais de R$ 50 mil por mês. Ah, ok, houve as despesas com a campanha eleitoral, em que a ex concluiu a façanha de chegar em 4o lugar na disputa pelo Senado.

Lula só não está em segundo lugar na lista porque foi preso em abril. Portanto, Lula gastou algo como R$ 40 mil/mês.

Entende-se agora o que significa um Estado grande e forte na cabeça dos petistas.