O candidato do povo

Essas são palavras de Jaques Wagner, um cara até considerado “moderado” pelo mercado.

Todos os sonhos arrebatadores contidos no programa de governo do PT são financiados por três agentes: o contribuinte (que paga impostos), o mercado financeiro (que empresta dinheiro para o governo) e o povo mais pobre (que tem o seu poder de compra reduzido pela inflação quando nenhum dos outros dois agentes topa a brincadeira).

O contribuinte já mandou avisar que não quer mais impostos.

O mercado também já mandou avisar que vai se curvar sim, mas é para pegar a sua malinha e ir embora.

Adivinha para quem vai sobrar?

Ver para crer

Este é Paulo Leme, ex-presidente da Goldman Sachs no Brasil.

É um bom alerta para quem depende direta ou indiretamente do setor público e ainda acredita em amanhãs radiosos.

Auditoria da dívida

Haddad hoje em Curitiba: “vamos fazer a auditoria da dívida pública”.

Auditoria da dívida é apenas um outro nome para calote.

Você, que investe no Tesouro Direto, ou compra fundos de investimento de Renda Fixa, pode ir colocando suas barbas de molho.

Não é difícil de entender

Em debate no Valor, Haddad criticou o teto de gastos e afirmou que precisará ser revisto, mesmo que isso desagrade o mercado. “O mercado não está pilotando o Estado”, concluiu.

Sim Haddad, o mercado está SIM pilotando o Estado. Quando a dívida chega a 80% do PIB e o Tesouro é obrigado a recomprar títulos de longo prazo para controlar as taxas de juros, significa que os financiadores desse Estado mastodôntico tomaram sim o leme.

Eliminar o teto só vai jogar ainda mais o Estado nas mãos do mercado financeiro, pelo simples fato de que a dívida vai aumentar ainda mais. A única forma de diminuir o peso do mercado nas decisões do governo é diminuindo a dívida. E, para isso, o limite de gastos é fundamental. Não parece tão difícil de entender, não é?

O que eles não gostam de ouvir

O “mercado” representa a poupança de todos nós, brasileiros. Ao dizer coisas de que o “mercado” não gosta, Ciro, na verdade, está ameaçando todos os que têm investimentos e, consequentemente, todos os que precisam de crédito, a começar pelo próprio governo. Ou Ciro e Lupi acham que o “mercado” vai continuar financiando essa esbórnia fiscal?

Sempre aparece um demagogo

Ciro Gomes, prometendo o calote da dívida pública.

Sabe porque as taxas de juros no Brasil são tão altas? Porque o brasileiro sabe que, de tempos em tempos, vai aparecer um demagogo que vai prometer dar o calote na dívida, ao invés de controlar os gastos do governo.

Ciro Gomes é só mais um de uma longa lista de demagogos que vendem soluções simples e erradas para problemas complexos.

A conta sempre chega

O Valor de sexta, caderno do fim de semana, traz reportagem sobre a penúria da UERJ.

A Veja deste fim de semana traz reportagem sobre a matança de policiais militares no RJ. Morreram quatro vezes mais PMs no RJ do que em SP neste ano.

O Rio é o exemplo do que estaria acontecendo no Brasil se o governo não tivesse capacidade de se endividar ou, no limite, não tivesse o monopólio da impressão do seu próprio dinheiro. O Brasil, assim como o Rio e grande parte dos entes federativos, está quebrado. A coisa só funciona porque, por algum motivo, os credores continuam a dar um voto de confiança na capacidade do país de pagar a sua dívida.

Se o Rio pudesse emitir sua própria dívida, ou imprimir o seu próprio dinheiro, os salários dos professores da UERJ estariam em dia, e os PMs talvez não estivessem morrendo feito moscas. Parece uma solução, mas é só um problema adiado. Um dia, o dinheiro perde o seu valor com a inflação, e os credores perdem a paciência, e exigem o seu dinheiro de volta.

O Brasil está apenas adiando o problema, luxo a que o Rio não se pode permitir. Mas um dia a conta chega. Sempre chega.

A origem da dívida pública

Hoje, chamada de capa do Estadão mostra a atual situação da Usina Angra 3: são necessários R$ 17 bilhões para o seu término, e R$ 12 bilhões para zerar as dívidas, caso se desista de continuar a construir.

Já foram consumidos R$ 7 bilhões na construção. Caso fique pronta, Angra 3 terá capacidade de 1,4 GW. Serão, portanto, R$17,1 milhões/GW. A reportagem cita o exemplo da usina Teles Pires, que custou R$ 2,1 milhões/GW, ou 8 vezes menos que Angra 3.

Angra 3 (assim como as suas irmãs Angra 1 e 2) foi um projeto do governo militar. Estratégico, diziam. Era importante o Brasil dominar o ciclo da energia nuclear. Lula retomou as obras em 2009, e o diretor da Eletronuclear está hoje preso, condenado a 43 anos por corrupção.

Quando alguém vier com a ideia de fazer “auditoria na dívida pública”, dê este exemplo de desperdício do dinheiro público. Quem sabe consigam entender como se originou esta dívida monstruosa que temos hoje.