DataFolha: Haddad subiu 5 pontos, Marina caiu 5 pontos. Isso é a única coisa relevante.
Opção moderada
O primeiro trecho é aquilo que o PT gostaria que você acreditasse.
O segundo, é o PT real.
E o pior é que ainda tem “analista político” querendo convencer que Haddad seria uma opção “moderada”.
Plano B
Paulo Guedes também tem um “ambicioso plano de privatizações” para abater a dívida.
A julgar pela experiência da Grécia, seria salutar ter um plano B na manga.
Só um maluco. Por enquanto.
O que define um “atentado político”?
O que define um “preso político?”
A utilização da palavra “político” como adjetivo pode ter significados em dois níveis: o autor da ação e a motivação da ação. Claro, existe um terceiro nível, obrigatório, que é o fato daquele que sofre a ação ser uma figura do mundo político. Mas isso está dado nos casos em foco.
Vejamos a questão do autor da ação. Para que um crime seja considerado político, para que uma prisão seja considerada política, é necessário que o seu autor seja um adversário político. Assim, quando o regime militar prendia ou matava os seus inimigos políticos, isso podia ser classificado como prisões ou atentados políticos. Ou quando o regime cubano prende ou mata os seus adversários, isso pode ser considerado prisões ou assassinatos políticos.
No caso da prisão de Lula, não há adversário político envolvido. O judiciário, em suas várias instâncias, agiu com independência. Pode até ter errado (uma sequência de erros em série), mas não agiu como uma organização política.
No caso do atentado de ontem, aparentemente (“até o momento”, como diz o Noblat), não se trata de um ataque encomendado por nenhum partido político. O sujeito aparentemente agiu sozinho, de acordo com sua própria consciência. Portanto, neste significado, de fato, não foi um atentado político.
Vejamos, agora, a motivação.
Para que uma prisão ou um assassinato tenha a conotação de prisão ou assassinato político, é necessário que a motivação seja política. Assim, se um vizinho mata um político porque este estava saindo com sua mulher, a motivação não é política. Portanto, o assassinato não pode ser classificado como político. Por óbvio, se o primeiro significado for verdadeiro (o agente é político) é ocioso buscar a motivação, que será sempre política. O problema ocorre quando o agente não é um adversário político institucional.
No caso da prisão de Lula, a grande batalha do presidiário de Curitiba e seus asseclas do PT é tentar provar motivações políticas por trás das sentenças de Moro e dos desembargadores do TRF4. Parece óbvio que não as há. Portanto, sem motivação política, não há prisão política neste caso. Trata-se, simplesmente, de um político preso.
O caso do atentado é diferente. O autor foi filiado ao PSOL e tem, em sua página no Facebook, suficientes provas de sua simpatia pela pauta da esquerda e ódio a Bolsonaro. Portanto, por mais que seja um maluco (e pra fazer o que ele fez, só tendo um parafuso a menos), a sua motivação foi claramente política.
Assim, chegamos ao busílis da questão: para classificar um atentado como político basta a motivação, ou é necessário que o seu agente seja também um adversário politico? As duas condições são necessárias, ou apenas a segunda condição (a motivação) é suficiente?Noblat, no tuíte acima, acha implicitamente que as duas condições são necessárias. Os apoiadores de Bolsonaro acham que apenas a motivação seria suficiente para caracterizar o atentado como “político”.
Parece-me que o paralelo entre a prisão de Lula e o atentado a Bolsonaro não é adequado. Lula está na prisão porque roubou. Bolsonaro sofreu um atentado porque é de um partido adversário. Só essa diferença já basta para distinguir os dois casos. A motivação é completamente diferente nos dois casos.
No entanto, é preciso colocar a coisa na sua devida dimensão. Não se trata, “até o momento”, de uma guerra de facções, o que, no limite, poderia levar a uma Guerra Civil. Não se pode confundir a simples motivação política com a organização sistemática para eliminar fisicamente o adversário político. Nenhum partido está sequer perto desse nível, enquanto organização política.
Claro, estamos em plena campanha eleitoral. Seria ingenuidade pedir aos envolvidos a não politização de um ato com motivação claramente política. Assim como Noblat, outros jornalistas já estão condenando Bolsonaro por querer tirar dividendos políticos do episódio. Sério? Ele perdeu parte do intestino e não pode ganhar nada com isso? Se Lula, que está na prisão por motivos não políticos, foi louvado por esses mesmos jornalistas por saber fazer do “limão uma limonada”, porque Bolsonaro não pode fazer o mesmo, com motivos muito mais concretos?
Isso é uma coisa. Outra coisa é achar que Bolsonaro foi vítima de uma grande conspiração orquestrada por seus adversários, pelo grande capital globalista e pela mídia para evitar que faça a limpeza na política brasileira. Menos. Foi apenas um maluco solto por aí. Com motivação política, é verdade, mas um maluco. Só isso. Por enquanto.
Um dia triste para o Brasil
Não é hora de análises.
É hora de luto.
Um ser humano foi esfaqueado por causa de suas ideias.
O livre-pensamento, base da civilização ocidental e da democracia, foi vítima da forma mais primitiva de resolução de conflitos.
Um dia triste para o Brasil.
Análise da pesquisa Ibope
A grande mudança dessa pesquisa Ibope foi a queda dos brancos, nulos e indecisos, de 38% para 28%. A campanha eleitoral começa a fazer efeito, movendo os eleitores.
Nenhum candidato realmente ganhou, todos os principais, com exceção de Marina, subiram 2%, inclusive o agora ex-nanico Amoêdo. Ciro subiu 3%, mas considero isso dentro da margem de erro.
Mas se nenhum candidato ganhou, houve um perdedor claro. Ou perdedora: Marina Silva. De todos, foi a única que não se aproveitou do movimento de diminuição dos brancos/nulos/indecisos. Logo Marina, que, segundo a abalizada opinião dos comentaristas isentos, havia “arrasado” Bolsonaro no debate da Rede TV. Pois é, parece que o povo não concordou muito com isso.
Mas é cedo ainda para descartar a candidata da Rede, que pode muito bem se beneficiar do voto útil de eleitores de Alckmin e Haddad que não querem um 2o turno entre Ciro e Bolsonaro. A ver.
Disse que não houve um vencedor claro. Mas podemos considerar que a pesquisa foi boa para Bolsonaro: quanto mais tempo passa sem perder votos, apesar de todo o bombardeio que vem recebendo, mais se aproxima do 2o turno. Tem muita campanha pela frente, é verdade, mas um dia a mais é um dia a menos para o ex-capitão. Os outros é que jogam contra o relógio.
E também vencedor foi Amoêdo, que empatou numericamente com Álvaro Dias, um político com muito mais quilômetros de rodagem.
Alckmin e Haddad estão na ponta oposta de Bolsonaro: cada dia que passa, é um dia a menos para tirar a vantagem de Ciro e Marina. Tem muita campanha pela frente, mas esta pesquisa Ibope não trouxe boas notícias para os dois. Um dia a mais é um dia a menos.
Depois de amanhã vai faltar um mês para o 1o turno. Será o mês mais denso para a política nacional desde o mês que antecedeu a votação do impeachment.
Vai ter fraude
Bolsonaro está disputando uma eleição na qual não acredita?
Confere, produção?
Haddad não será o próximo presidente da República
Hoje participei de uma reunião com conhecida e respeitada consultoria política.
A análise foi mais ou menos a seguinte: Haddad está praticamente no 2o turno porque a identidade partidária do PT (pessoas que se identificam com o partido) está em 24%, e as intenções de voto em Lula somam 39%.
Alguém então perguntou, em um misto de melancolia e revolta: “então, o impeachment ajudou o PT?”
A resposta foi a seguinte: “o impeachment e a prisão de Lula foram a melhor coisa que poderia ter acontecido ao PT”.
Reportagem do Globo lembra que, 10 dias após a condução coercitiva de Lula, o chefão do PT tinha 17% das intenções de voto, contra 23% de Marina Silva, segundo pesquisa DataFolha. Dois anos e meio depois e uma campanha sem precedentes contra as instituições, Lula atingiu 39% das intenções de voto, o que parece dar razão à consultoria.
No entanto, imaginemos que o impeachment não tivesse ocorrido e Lula estivesse livre, leve e solto. A teoria dessa consultoria é que o governo Dilma chegaria a essas eleições na lona, sem competitvidade nenhuma. Seria presa fácil de seus próprios erros.
Essa análise, com todo respeito, é de botequim. Tem como premissa que o PT joga a regra do jogo democrático. O exemplo de como as instituições poderiam ser manipuladas para manter o partido no poder é a Venezuela. A economia está na lona não é de hoje, mas Chávez, e agora Maduro, “ganham” eleição após eleição. E, quando não ganham, mudam as regras do jogo sem nenhum pudor.
Lula e o PT já mostraram seu “amor” pelas instituições nesses últimos dois anos. Isso, longe dos instrumentos de poder. Imagine essa patota com a caneta na mão. Lula estaria eleito no 1o turno, independentemente do estado da economia.
FHC teve a brilhante ideia de deixar Lula “sangrar” após o mensalão, quando um impeachment teria sido possível, na esperança de que seu governo chegasse na lona nas eleições de 2006. O resultado foram mais três mandatos do PT.
É sempre muito difícil qualquer análise das possibilidades históricas, pois não existe o contra factual. Dizer que o impeachment e a prisão de Lula ajudaram o PT é uma análise rasa, que parte simplesmente dos números. Desconsidera a incrível capacidade de mistificação de Lula e seus asseclas do PT. Capacidade esta que seria multiplicada se ainda tivessem acesso aos instrumentos de poder.
Sim, o impeachment foi a coisa certa a se fazer.
E não, Haddad não será o próximo presidente da república.
Voto útil
Até Eliane Catanhede às vezes acerta. Ela diz o que parece óbvio: o voto em Bolsonaro no 1o turno pode significar a volta do PT ao poder, caso ambos consigam chegar ao 2o turno.
Claro, quem vota em Bolsonaro por convicção, deve permanecer com seu voto. Mas para quem o anti-petismo é maior que seu amor por Bolsonaro, o voto no ex-capitão não é tão óbvio assim.
Alckmin, se for esperto, estimulará o voto útil ainda no 1o turno, a depender da performance do candidato do PT.
Dilma não pode ser esquecida
Escrevi meu post anterior antes de ler esse editorial. Faço minhas as suas palavras.
PS: como sempre, a oposição ao petismo tem se mostrado de uma incompetência atroz.