O onipresente Centrão

Resumindo as análises que li até o momento: a aliança de Alckmin com o Centrão lhe dá uma vantagem imensa na campanha (tempo de TV e alianças regionais), mas lhe custará um preço muito alto depois de eleito, em termos de demandas fisiológicas.

Muito bom.

Quero saber qual dos candidatos postos vai governar sem o Centrão.

Outro dia, li a reposta que João Amoêdo (que é o meu candidato) deu a esta pergunta. Era mais ou menos o seguinte: “Vamos explicar para a população que não estamos conseguindo aprovar nada porque não estamos distribuindo cargos. As pessoas vão sair às ruas para protestar”. Ok, nice try.

O Centrão é onipresente na política brasileira. Sempre foi. FHC teve que negociar com o Centrão. Lula não só negociou com o Centrão como deu ao PMDB/PP nacos saborosos do butim da Petrobras. Dilma tentou dar uma rasteira no Centrão e foi impichada.

Então, qualquer que seja o vencedor, terá que negociar com o Centrão, nos termos do Centrão. Alckmin leva duas vantagens ao se associar ao Centrão antes das eleições: aumenta suas chances de chegar lá e não poderá ser acusado de estelionato eleitoral. Quem vota em Alckmin, sabe que está votando no Centrão. Quem não vota em Alckmin, não sabe que também está votando no Centrão.

Manja tudo

Manja tudo esse Perillo. Comparar a situação do Lula em 2002 com a de Alckmin em 2018 tem tudo a ver mesmo. Alckmin é visto pelo mercado como um radical de esquerda e precisa de um “avalista” para passar por moderado. Meirelles agrega mesmo muito à campanha do PSDB, inclusive o inestimável apoio do Temer.

Com um coordenador desses, Alckmin não precisa de adversários.

Desilusão com a justiça

No México é um “esquerdista”. No Brasil é um “direitista”. O ponto em comum entre Lopez Obrador e Bolsonaro é o discurso anticorrupção. E o principal fator de atração de votos é a desilusão com a Justiça.

No andar de cima, a impunidade é consequência do “garantismo judicial”.

No andar de baixo, a impunidade é consequência da “política de direitos humanos”.

No meio, uma Justiça em que seus operadores estão mais preocupados com suas benesses do que em fazer justiça.

Temos assim o ciclo da impunidade, que une bandidos ricos e pobres contra a sociedade.

Não por outro motivo, a candidatura de Bolsonaro se apoia no combate à corrupção dos ricos e à violência dos “vagabundos” (modo politicamente incorreto com que o candidato se refere aos bandidos).

Ao que tudo indica, Lopez Obrador será vitorioso neste domingo. Vamos ver o que acontecerá em outubro no Brasil.

Não é difícil de entender

Em debate no Valor, Haddad criticou o teto de gastos e afirmou que precisará ser revisto, mesmo que isso desagrade o mercado. “O mercado não está pilotando o Estado”, concluiu.

Sim Haddad, o mercado está SIM pilotando o Estado. Quando a dívida chega a 80% do PIB e o Tesouro é obrigado a recomprar títulos de longo prazo para controlar as taxas de juros, significa que os financiadores desse Estado mastodôntico tomaram sim o leme.

Eliminar o teto só vai jogar ainda mais o Estado nas mãos do mercado financeiro, pelo simples fato de que a dívida vai aumentar ainda mais. A única forma de diminuir o peso do mercado nas decisões do governo é diminuindo a dívida. E, para isso, o limite de gastos é fundamental. Não parece tão difícil de entender, não é?

Uma hipótese remota

Imagine (só por um momento, só por hipótese ok?) um 2o turno entre Bolsonaro e Fernando Haddad.

Agora imagine toda a galera do Estado Democrático de Direito, combinada com toda a turma do Centro Democrático, e com o apoio de todas as Forças Vivas da Sociedade, apoiando Haddad, o candidato cute-cute de Lula, contra o brucutu que vai destruir a Democracia no Brasil.

Claro, é só uma hipótese remota.

É bom ir se acostumando

Josué Gomes e Nelson Jobim são, respectivamente, o penúltimo e o último “nome novo” a entrar na arena e cair. Antes dele, Luciano Huck, Joaquim Barbosa e João Doria foram tentados.

O dito “centro político” tem tentado desesperadamente a “trindade impossível”: um nome ao mesmo tempo viável eleitoralmente, que seja “controlável” e que não esteja, de alguma maneira, ligado à velha política. Vão descobrindo que não existe.

Os candidatos são estes que estão aí. É bom começar a trabalhar com essa realidade.