Eletrobras do Norte/Nordeste

A Eletrobras precisa ser privatizada porque seu principal acionista, a União, não tem dinheiro para capitaliza-la. A capitalização da empresa é necessária para que investimentos em geração de energia sejam feitos. Se esses investimentos não forem feitos, as regiões atendidas pela empresa correm o risco de ficar sem energia no futuro.

Conforme matéria de hoje no Valor, há resistência dos senadores do Norte/Nordeste à privatização. Não fica claro o motivo na reportagem, mas nem precisa, não é?

Então, minha sugestão é a seguinte: dividir a Eletrobras em duas empresas, uma que atende o Norte/Nordeste e outra para atender o restante do país. Esta última seria privatizada, enquanto a primeira poderia continuar como a “estatal de estimação” dos políticos da região, que poderiam continuar indicando apadrinhados para cargos na estatal e sugando recursos da empresa para seus projetos políticos. Lá na frente, quando faltar energia no Norte/Nordeste, eles que se expliquem para seus eleitores.

Estelionato eleitoral

Pra discutir a privatização das estatais com os funcionários pendurados em suas folhas de pagamento, teria sido melhor eleger o Haddad. Pelo menos não haveria esse gosto de estelionato eleitoral.

Estatal rentável é contradição em termos

“A Eletrobras pode ser altamente rentável, desde que seja blindada dos políticos”.

Assim começa o artigo, no Valor de hoje, de dois professores que defendem a permanência desse elefante branco nas costas do povo brasileiro.

O incrível é que o artigo começa falando justamente do uso político das distribuidoras, que oneraram o Tesouro durante décadas.

Existe uma fantasia da burocracia estatal, de que pode haver empresas estatais rentáveis, desde que “livres da influência política”. Não percebem que é uma contradição em termos. Não existe razão de existir de uma empresa estatal se não for para cumprir políticas públicas. E políticas públicas não conversam com lucro que remunera o capital.

Dizer que a Eletrobrás, “agora sim”, é rentável, é apenas uma bobagem. É só uma questão de tempo para que os “políticos” tomem conta da estatal novamente, e criem novos rombos. É da natureza de qualquer empresa estatal.

Além disso, é notória a falta de capital para novos investimentos. Para que a Eletrobrás pudesse continuar a investir, seria necessário capitaliza-la. Levanta a mão aí quem quer ser sócio do governo na Eletrobrás, fornecendo o capital para novos empreendimentos.

Os serviços prestados pela iniciativa privada estão longe, muito longe, da perfeição. Mas é melhor ter algum serviço do que nenhum. E este é o risco de deixar os investimentos na mão do Estado. Parafraseando Churchill, a iniciativa privada é a pior forma de prestar serviços à população, com exceção de todas as outras.

Não vai ter estelionato eleitoral

“Você não pode ter uma política predatória no preço combustível para salvar a Petrobras e matar a economia brasileira. Qualquer coisa no combustível reflete no preço da mercadoria que tá lá na ponta. Ninguém quer a Petrobras com prejuízo, mas também não pode ser uma empresa que usa do monopólio para tirar o lucro que bem entende.”

Ciro não teria dito melhor.

Dilma não teria dito melhor.

Um mérito Bolsonaro tem: ninguém vai poder acusá-lo de estelionato eleitoral.

O Brasil continua o mesmo

Publiquei o post abaixo há um ano.

Não, a Eletrobrás não foi privatizada.

Sim, o Brasil continua o mesmo.


O anúncio da privatização da Eletrobrás, além de todos os méritos óbvios, tem mais um ainda pouco percebido, mas muito importante: começa a tornar plausível, imaginável, um cenário em que a Petrobras possa ser privatizada.

Antes do anúncio da privatização da Eletrobrás, a privatização das vacas sagradas do Estado brasileiro (Petro, Eletro, Banco do Brasil e Caixa) era apenas um delírio de liberais insanos, que não tinha a mínima, a mais remota chance de acontecer.

Sem querer comparar a Eletro com a Petro (são empresas que estão em patamares diferentes no imaginário do perfeito idiota latino-americano), somente o fato de a privatização da Eletrobrás ter sido anunciada move a privatização da Petrobras do campo dos unicórnios e duendes para o campo da viagem para a Lua. Muito difícil, mas possível, afinal.

Não é nada, mas é muito, em um país ainda preso a fetiches do século XX.

Case pela privatização

Os funcionários da Eletrobrás entrarão em greve de 72 horas contra a privatização.

O TST ordenou que pelo menos 75% dos funcionários devem continuar trabalhando, para manter a empresa funcionando normalmente.

Bem, se a Eletrobrás continuar funcionando normalmente com apenas 75% de seu efetivo trabalhando, está feito o case pela privatização.

Pode acreditar

Falou o deputado do partido que deixou a Eletrobras com prejuízo de mais de R$ 20 bilhões.

Sim amiguinho, a Eletrobras na mão do estado dá lucro sim, pode acreditar.

Pode isso, Arnaldo?

Essa história é absurda, ouve só.

A equipe de advogados da Eletrobrás vai levar para casa uma bolada de R$100 milhões porque intermediou o acordo entre a empresa e a Eletropaulo. Ou seja, vão faturar como se tivessem corrido o risco de ter uma empresa, mas mantendo o conforto de seus empregos em uma empresa estatal.

Pode isso, Arnaldo?

Cri cri cri

“Ouvi que vão vender a Eletrobras. Uma empresa que já teve R$ 400 bilhões de investimento vai ser vendida por R$ 20 bilhões e acham que é o máximo fazer isso.” – Lula

“Precisamos que as empresas de capital público atendam aos brasileiros, independente de quem é a gestão. Então, eu acho que privatizar a Eletrobras, privatizar mais de 100 empresas públicas que não servem para nada, são meros, na sua maioria, cabides de emprego e muito mal na sua gestão… então, nós precisamos de boa gestão” – Rodrigo Maia

“Vender a Eletrobrás é abrir mão da segurança energética.Como ocorreu em 2001, no governo FHC, significa deixar o País sujeito à apagões.” – Dilma

“A decisão do governo de privatizar a Eletrobras é histórica, com significado só comparável à desestatização do Sistema Telebras nos anos 1990.” – Henrique Meirelles

“Sem a Eletrobrás não teríamos feito o Luz para Todos! Metade do Brasil continuaria no escuro! Pra esse governo o povo é detalhe. Desalmados!” – Gleisi Hoffman

“Ontem, o governo anunciou a privatização de diversos ativos, como a Eletrobras, que subiu 46% num dia. A Casa da Moeda será privatizada, perfeito. É disso que o Brasil precisa” – Doria

“É uma mudança geral e drástica do marco regulatório do setor elétrico, criado nos governos Lula e Dilma, que proporcionou segurança energética e expansão do parque gerador e de transmissão” – nota do PT

“cri cri cri” – PSDB e seus caciques.