A salada das relações no Oriente Médio

Dois pontos me chamaram a atenção nesse atentado no Irã:

1) As bombas explodiram durante uma PROCISSÃO a um túmulo de um general, morto por forças dos EUA em 2020. Não se faz procissão a heróis de guerra e nem a patriotas. Procissões têm cunho religioso, e ocorrem a túmulos de santos e mártires, em busca de benção. O fato de que o general seja considerado um mártir no sentido religioso do termo demonstra a natureza dos conflitos no Oriente Médio. Isso nos leva ao segundo ponto.

2) O principal suspeito pelo atentado é o Estado Islâmico (ISIS), grupo radical sunita, em eterna batalha contra os xiitas, cujo principal reduto político é o Irã. Ambos se consideram uns aos outros como hereges, e as facções mais radicais pregam a eliminação pura e simples do grupo oposto. No campo político, o maior oponente do Irã xiita é o reino sunita da Arábia Saudita. Mas as coisas não são preto no branco: os muçulmanos do Hamas são sunitas, mas são apoiados pelos xiitas do Irã em seu objetivo comum: varrer os judeus para o Mar Mediterrâneo. Já o Hezbolah é um grupo xiita, oficialmente alinhado ao Irã.

Bem, temos aí uma amostra da salada que são as relações de forças no Oriente Médio. Israel é a única democracia da região, e se guia por valores ocidentais. Mas isso não significa que não saiba exatamente com quem está lidando, e adote todas as medidas para a sua própria defesa.