Você prefere ser quintal dos EUA ou da China?
Não, não existe a alternativa de não ser quintal de ninguém.
Apenas um repositório de ideias aleatórias
Você prefere ser quintal dos EUA ou da China?
Não, não existe a alternativa de não ser quintal de ninguém.
Trump é um homem de negócios. Quando ele compra um imóvel de alguém, ele considera que está “loosing money” só porque o dinheiro saiu do seu bolso?
Pois é exatamente isso o que ele sugere, ao confundir déficit comercial com prejuízo. Eu tento não achar o Trump um tosco, mas ele não colabora.
O título chama atenção: os EUA seriam os responsáveis pela violência na América Central e agora estariam colhendo os frutos amargos dessa semeadura.
Aí você vai ler a reportagem. Tudo começou com Ronald Reagan, que teria resolvido “limpar” Los Angeles em 1984, para receber os Jogos Olímpicos. Isso dentro do contexto da Guerra Fria. Ou seja, antes os EUA não prendiam bandidos. Mas, para impressionar o mundo e a URSS, realizou “prisões em massa” de traficantes e gangues. Ok.
Mas aí, mesmo com todo mundo preso, as gangues de traficantes continuavam ativas, espalhando o terror. Então, ocorreu uma “janela de oportunidade”: os tratados de paz de 1992 em El Salvador e em 1996 na Guatemala. Com o fim das guerras nesses países, o governo Clinton deportou criminosos “em massa” para esses países. Esta seria a tal “semente” que vingou e deu origem à violência que expulsa os imigrantes atualmente.
É realmente do balacobaco! O jornalista quer nos fazer crer que, não fosse a deportação em massa de criminosos na década de 90, a América Central seria o paraíso na Terra, com índices de criminalidade suíços. Acho que alguns desses criminosos devem ter vindo para o Brasil, pois nossos índices de criminalidade não ficam atrás dos desses países. Não consigo pensar em história mais sem pé nem cabeça.
Claro, não falta a figura do “especialista” na reportagem. Segundo o tal, os governos Obama e Trump (pelo menos nesse caso Trump não assume isoladamente o papel de Belzebu) estariam errando no diagnóstico: o motivo da imigração seria a violência, não a pobreza. Por isso, as políticas anti-imigração estariam atacando o alvo errado.
Bem, digamos que o diagnóstico estivesse “correto”. O que faria de diferente o governo americano? Deixaria entrar somente os criminosos para prendê-los em território dos EUA? Deixaria entrar somente os não criminosos, fazendo com que, no limite, a América Central fosse habitada somente por criminosos? Qual exatamente a mudança de política imigratória proposta? A reportagem não esclarece.
É óbvio para quem tenha um pouco de bom senso e não esteja contaminado por uma ideologia antiamericana, que o problema imigratório é de responsabilidade das próprias elites dos países centro-americanos, que não conseguem organizar suas sociedades em bases minimamente democráticas. Jogar a culpa nas costas do suspeito de sempre é o modo de não resolver o problema.
Império da lei. Separação de poderes. Imprensa livre. Respeito aos contratos. Capitalismo competitivo (em oposição ao capitalismo de laços). Isso é o que faz a riqueza das nações. Se as elites desses países (Brasil incluído) não conseguirem caminhar nessa direção, continuarão culpando terceiros pelas suas desgraças.
Os EUA continuarão com suas políticas anti-imigratórias. Não, eles não têm culpa pelo fato dos outros países não fazerem a sua lição de casa.
Lembro, em 1994, quando os EUA sediaram a Copa do Mundo, que “especialistas” no esporte bretão não davam 20 anos para que a seleção americana chegasse a uma final de Copa do Mundo. Afinal, os americanos têm o poder econômico, e são muito eficientes quando se dedicam a algo com foco e afinco. Têm posição dominante em praticamente todos os esportes do mundo, e não seria diferente com o futebol.
Ontem, 23 anos depois desse vaticínio, os EUA foram desclassificados nas eliminatórias, perdendo para Trinidad & Tobago por 2×0.
O futebol, definitivamente, é um esporte diferente.