Argumento de autoridade do bem

Não gosto disso, mas vou usar argumento de autoridade aqui. Alguns dos economistas que mais respeito assinaram um manifesto em apoio ao projeto de reforma tributária. São eles:

  • Afonso Celso Pastore
  • Armínio Fraga
  • Bráulio Borges
  • Bruno Carazza
  • Edmar Bacha
  • Fábio Giambiagi
  • Mailson da Nóbrega
  • Manoel Pires
  • Márcio Garcia
  • Marco Bonomo
  • Marcos Mendes
  • Otaviano Canuto
  • Samuel Pessôa

São pessoas que entendem do que estão falando e não têm interesses próprios na defesa da tese. Não vi, até o momento, qualquer manifesto em contrário, a não ser patrocinado por entidades de classe ou políticos defendendo o seu pedaço.

Talento desperdiçado

O excelente economista Fábio Giambiagi recorda, neste artigo, os 70 anos do BNDES.

Chamou-me a atenção sua descrição das habilidades dos técnicos da instituição. De fato, temos alguns dos maiores especialistas em infraestrutura do país trabalhando no banco de desenvolvimento. Mas, ao contrário do tom ufanista do articulista, tive vontade de chorar. Que desperdício de talentos!

De que adianta termos sumidades em riscos, se a decisão de financiar estádios da Copa do Mundo ignora os riscos? De que adianta ter especialistas em saneamento, se o BNDES financia empresas estatais do setor vergonhosamente ineficientes? De que adianta contar com craques em sistemas ferroviários, se este conhecimento é usado para financiar a construção do metrô da Venezuela, claramente inapta a pagar pelo empréstimo? De que adianta ter o supra-sumo na área de óleo e gás, se o dinheiro é usado para construir refinarias que não se pagam?

A pergunta fundamental é a seguinte: quanto a mais de produtividade o país alcançaria se esses mesmos técnicos trabalhassem na iniciativa privada, onde a alocação de capital se dá não por critérios políticos, mas de retorno sobre o capital? A presença de técnicos especializados no BNDES é quase uma contradição em termos, dado o motivo fundamental da existência do BNDES, que é financiar o que a iniciativa privada não financia. Ora, para isso, basta uma canetada, não são necessários técnicos.

Eu não celebro os 70 anos do BNDES. Eu choro pelos talentos sub-utilizados.

É de doer

“Enquanto o mundo discute inteligência artificial, Big Data, indústria 4.0, robótica de alta precisão, etc, e procura avaliar qual a melhor forma de o ambiente institucional estimular o progresso, nós, aqui, ficamos lutando para ver que grupo pode aposentar-se com 55 anos, recebendo seus benefícios de um Estado exaurido. É de doer.”

Fábio Giambiagi, hoje, no Estadão. Leiam, por favor.