Distorções

Em artigo no Valor de hoje, o reporte Sérgio Lamucci nos revela alguns dados interessantes sobre as finanças públicas brasileiras, contidos no relatório anual do FMI.

– Gastos com salários de servidores públicos representam 13% do PIB no Brasil, contra 9% na média dos países emergentes e 8% na média dos países sul-americanos.

– Por outro lado, o número de servidores em proporção à população ativa está em linha com o que se observa na média dos emergentes. Portanto, os gastos acima da média ocorrem porque os salários estão acima da média.

– Os salários no setor público têm um prêmio alto em relação aos do setor privado quando comparados com outros países. Para trabalhadores de menor nível educacional, esse prêmio chega a 50%, segundo o relatório do FMI.

Alguns dirão que a distribuição de renda é mais justa no setor público, e é o setor privado que está distorcido, com o imenso gap entre os maiores e os menores salários.

Ao que eu respondo que o imenso gap existe porque existe um imenso gap no nível de produtividade entre os trabalhadores no Brasil, causado pelo imenso gap educacional. Consertar esse problema “na marra”, concedendo salários irrealistas no setor público, só faz piorar a vida dos mais sofridos no setor privado, que são chamados a financiar a “justiça social” no setor público.

Não se engane: os que mais sofrem com distorções no sistema de salários são aqueles que não pertencem a nenhuma corporação. Mas nada que não se resolva com um cala-boca estilo Bolsa-Família.